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Capítulo 1 - Introdução - O Poder da Serpente

 O PODER DA SERPENTE


Uma tradução feita por:
Karen de Witt
Uma yoginī em seva a Śrī Śiva Mahādeva
(karen_de_witt@hotmail.com)
© Todos os direitos reservados. A tradução não pode ser comercializada sob qualquer meio. Este é um trabalho de seva e está disponibilizado gratuitamente na internet.
Rio de Janeiro
PRIMEIRA TRADUÇÃO: 2010
REVISÃO: 2021

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PREFÁCIO

Em meu trabalho “Śakti Śākta” eu descrevi pela primeira vez os princípios de “Kuṇḍalinī-Yoga”, tão discutido em alguns lugares, mas o qual foi tão pouco conhecido.

Este trabalho é uma descrição e explanação em detalhes completos do Poder da Serpente (Kuṇḍalinī Śakti), e o yoga realizado através dela, um assunto ocupando um lugar de suma importância no Tantra Śāstra. Ele consiste de uma tradução de dois trabalhos publicados em Sânscrito alguns anos atrás no segundo volume da minha séria sobre os Textos Tantricos , mas até agora não traduzido. O primeiro, intitulado “Ṣaṭ-Cakra-Nirūpaa” (Descrição e Investigação dos Seis Centros do Corpo), tem como seu autor o celebrado Tantrico Pūrānanda Svami, uma pequena nota em sobre cuja vida é dada mais tarde. Ele forma o sexto capítulo de seu extensivo e não publicado trabalho sobre o Ritual Tantrico intitulado “Śrītattvacintāmai”. Este tem sido o assunto de comentários dentre outros Śaṅkara e Viśvanātha citados no Volume II dos Textos Tantricos , e usado na presente tradução. O comentário aqui traduzido do Sânscrito é de Kālīcarana.

O segundo texto, chamado “Pādukā-Pañcakā” (Cinco vezes footstool do Guru), ofertas com um dos lótus descritos no trabalho maior. A este está apenso uma tradução do sânscrito de um comentário por Kālīcaraa. A tradução de ambos os trabalhos eu adicionei algumas explanações a mais de mim mesmo. Como os trabalhos traduzidos são de elevada caráter oculto, e por si mesmo inteligível ao leitor inglês, eu prefaciei a tradução por uma Introdução geral no qual tenho me esforçado para dar (dentro dos limites de ambos os trabalhos deste tipo e de meu conhecimento) uma descrição e explicação desta forma de Yoga. Eu também inclui algumas placas dos Centros que foram desenhadas e pintadas de acordo com a descrição delas e dadas nos primeiros Textos Sânscritos.

Não foi possível na Introdução fazer mais do que um sumário geral dos princípios sob qual o Yoga, e sua forma particular, repousa. Aqueles que desejam prosseguir o assunto em grandes detalhes são indicados para meus outros livros publicados no Tantra Śāstra. Nos Princípios do Tantra encontrarão Introduções gerais aos Śāstras e (em ligação com o presente assunto) valiosos capítulos em Śakti e Mantras. Em meu recente trabalho, Śakti Śākta (a segunda edição do qual é uma reimpressão dos meus escritos), eu resumi os ensinamentos do ŚāktaTantras e de seus rituais. Em meus Estudos no Mantra Śāstra, a primeira das três partes do qual foi reimpressa do “Vedānta Kesari”, no qual sua primeira apareceu, serão encontrados mais detalhes descritos de tais termos técnicos como Tattva, Śaktis Causais, Kalā, Nada, Bindu, e assim por diante, o qual são referidos no presente livro. Outros trabalhos publicados por mim sobre o Tantra, incluindo “Ondas de Bem Aventurança” serão encontrados na página de publicidade.

O seguinte relato de Pūrānanda, o celebrado Tantrika Sādhaka de Bengala, e autor do “Ṣaṭ-Cakra-Nirūpaa”, foi coletado a partir dos descendentes de seu filho mais velho, dois dos quais estão relacionados com o trabalho de Varendra Research Society, Rajshahi, para cujo Diretor, Sj. Akshaya Kumāra Maitra, e Secretario Sj. Rādhā Govinda Baisāk, estou em débito pelos seguintes detalhes:

Pūrānanda foi um Rahri Brāhmaa de Kashyapa Gotra, cujos ancestrais pertenciam à aldeia de Pakrashi, o qual não foi identificado. Seu sétimo ancestral, Anantāchārya diz-se que migrou para Baranagara, no distrito de Murshidabad, para Kaitali, no distrito de Mymensingh. Em sua família nasceu dois Tantrika Sādhakas célebres – chamados, Sarvānanda e Pūrānanda. Os descendentes de Sarvānanda residem em Mehar, enquanto os de Pūrānanda residem principalmente no distrito de Mymensingh. Pouco é conhecido sobre a vida mundana de Pūrānanda, exceto que ele aborreceu o nome de Jagadānanda, e copiou um manuscrito de Viupurāṇam no Shāka, ano de 1448 (A.D. 1526). Este manuscrito, agora sob a posso de um de seus descendentes chamado Paṇḍit Hari Kishore Bhattāchārya, de Raitali, ainda se encontra em um bom estado de conservação. Ele foi trazido para inspeção por Paṇḍit Satis Candra Siddhāntabhūshana do Varendra Research Society. O colófon estado que Jagadānanda Sharma escreveu o Purāṇa no Shāka ano 1448.

Este Jagadānanda assumiu o nome de Pūrānanda quando obteve sua dīkśā (iniciação) de Brahmānanda e foi para Kāmarūpa (Assam), em cuja província ele acreditou ter obtido seu “Siddhi”, ou estado de espiritual perfeição no Āśrama, o qual ainda vai pelo nome de Vashishthāshrama, situado a uma distância de cerca de 7 milhas da cidade de Gauhati (Assam). Pūrānanda nunca voltou para casa, mas levou a vida de um Pāramahaṁsa e escreveu diversos trabalhos tantrikos, dos quais o Śrītattvacintāmai, composto no Śāka ano 1499 (A.d. 1577), Śyāmārahasya, Śāktakrama, Tattvānandataranginī, e Yogasāra são conhecidos. Seu comentário sobre o hino Kālīkakārakūta é bem conhecido. O Ṣaṭ-Cakra-Nirūpaa, aqui traduzido, não é, contudo um trabalho independente, mas uma parte do sexto Paala do Śrītattvacintāmai. De acordo com a tábua genealógica da família deste Tantrika Āchārya e Virāchāra Sādhaka, dado por um de seus descendentes, Pūrānanda foi removido destes seus presentes descendentes por cerca de dez gerações.

Este trabalho foi, por um lado, alguns cinco anos, mas ambos, a dificuldade da matéria e aqueles criados pela guerra destruíram sua publicação. Eu tinha esperanças de incluir algumas outras placas das pinturas originais e desenhadas em minha posse sobre a matéria, mas as presentes condições não permitiram isto, e eu tenho, portanto, considerado melhor publicar o livro como está do que arriscar mais delongas.

ARTHUR AVALON
RANCHI
Setembro 20, 1918
NOTA DA SEGUNDA EDIÇÃO (não traduzida neste PDF)

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“Nós oramos ao Paradevatā unido com Śiva, cuja substância é o puro néctar de bem-aventurança, vermelho como o vermelhão, a flor jovem do hibisco (*), e o céu do por do sol; quem, tendo aberto seu caminho através da massa de som que flui a partir do confronto e da precipitação dos dois ventos no meio de Suṣumṇā, eleva-se para aquela Energia brilhante que reluz com o brilho de dez milhões de relâmpagos. Que ela possa, Kuṇḍalinī, que rapidamente vai e retorna de Śiva, conceder-nos o fruto do yoga! Sendo desperta é a Vaca da Plenitude para os Kaulas, e o arpão Kalpa de todas as coisas desejadas para aqueles que A adoram”. – Śāradā Tilaka, XXV, 70.

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I INTRODUÇÃO

Os dois trabalhos sânscritos aqui traduzidos – Ṣaṭ-Cakra-Nirūpaṇa (Descrição dos Seis Centros, ou Cakras) e Pādukā-Pañcaka (Fivefold Footstool) – ocupam-se com uma forma particular do Yoga Tantrico chamado Kuṇḍalinī Yoga, ou, como algumas pessoas o chamam, Bhūta–Śuddhi. Estes nomes referem-se à Kuṇḍalinī Śakti, ou o Poder Supremo no corpo humano pelo despertar, pelo qual o yoga é alcançado, e para a purificação dos Elementos do corpo (Bhūta–Śuddhi) que tem lugar sobre aquele evento. Este yoga é realizado por um processo tecnicamente conhecido como Ṣaṭ-Cakra-bheda, ou a perfuração dos seis Centros, ou Regiões (Cakra) ou Lótus (Padma) do corpo (que o trabalho descreve) pela ação de Kuṇḍalinī Śakti, que, no propósito denominado em inglês, eu tenho aqui chamado de O Poder da Serpente. 1 Kuṇḍala significa enrolada. O poder da Deusa (Devī) Kuṇḍalinī, ou aquela que está enrolada; por Sua forma é que de uma serpente enrolada e dormindo no centro mais baixo do corpo, na base da coluna espinhal, até pelos meios descritos Ela é desperta naquela Yoga, o qual é chamada depois Ela. Kuṇḍalinī é a Divina Energia Cósmica no corpo. O Saptabhūmi, ou sete regiões (Lokas), 2 são, como compreendidos popularmente, uma representação esotérica dos ensinamentos Tantrikos internos sobre os sete centros.3

O Yoga é chamado Tantrico por duas razões. Ele é mencionado nos Yoga Upaniṣads o qual se refere aos Centros, ou Cakras, e em alguns dos Purāṇas. Os tratados de Haṭha Yoga também se ocupam desta matéria. Encontramos mesmo noções semelhantes nos sistemas de outros além dos Indianos, pelo qual, possivelmente, em alguns casos, eles têm emprestado. Assim, no Risala-i-haq-numa, pelo Príncipe Mahome Dara Shikoh, 4 uma descrição é dada dos três centros “Mãe do Cérebro”, ou “Coração Esférico” (Dil-i-muddawar); o “Coração de Cedro” (Dil-isanowbari); a o Dil-i-nilofari, ou “Coração de Lírio”. 5

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1 – Um dos nomes desta Devī é Bhujangī, ou a Serpente.

2 – Os sete mundos, Bhūh, Bhuvah, Svah, Mahah, Jana, Tapah, Satya. Veja meu livro “Ondas de Bem-aventurança (Comentário para v. 35). Lokas são o que são vistos (lokyante) – que são, alcançados – e são, portanto, os frutos do Karma na forma de um renascimento em particular. De Satyānanda, Comentário no Īsha Up.,” Mantra 2, Veja p. 258.

3 – Aqueles são os seis Cakras e o centro superior cerebral, ou Sahasrāra. A respeito dos Upaniṣads e dos Pūranas, veja informação.

4 – “A Bússola da Verdade”. O autor foi o filho mais velho do Imperador Shah-i-Jehan, e morreu em d.C 1659. Alega-se que seus ensinamentos fazem parte da doutrina secreta do “Apóstolo de Deus”.

5 – Capítulo I em Alam-i-nasut: o plano físico, ou o que os Hindus chamam de estado Jāgrat. Editora Rai Bahadur Srisha Candra Vasu.

 

Outras referências podem ser encontradas nos trabalhos de Mahomedan Sufis. Assim, alguns dos Sufis (como Naqshbandi) diz-se6 que concebeu, ou melhor, tomou emprestado, dos Yogīs da Índia 7 o método de Kuṇḍalinī como meio para a realização. 8

Disseram-me que estas correspondências foram descobertas entre a Índia (Asiática) Śāstra e a Índia-Americana Escritura Māyā dos Zunis chamados o Popul Vuh.9 Meu informante me diz que seu “tubo de ar” é o Suṣumnā; seus “duplos tubos de ar”, as Nāḍīs Idā e Piṅgalā. “Hurakan”, ou relâmpago, é Kuṇḍalinī, e os centros são retratados por grifos de animais. Semelhantes noções têm sido reportadas a mim como sendo realizadas em seus ensinamentos secretos de outras comunidades. Que a doutrina e a pratica devem ser generalizada, poderíamos esperar, se ela tivesse um fundamento de fato. Esta forma de Yoga é, contudo, em particular, associada com os Tantras, ou Āgamas, primeiramente porque estas Escrituras são largamente preocupadas com isso. De fato, tais descrições ordenadas em todos os detalhes práticos foram escritas para serem encontradas principalmente nos trabalhos de Haṭha Yoga e dos Tantras, os quais são manuais, não somente de adoração Hindu, mas de seu ocultismo. Em seguida, o Yoga através da ação sobre o centro mais inferior parece característico do sistema Tantrico, os adeptos dos quais são os depositários do conhecimento prático onde, por direções gerais nos livros, podem ser praticamente aplicados. O sistema é de um caráter Tantrico também em relação a esta seleção do centro principal da consciência. Várias pessoas têm, em atribuição antiga às várias partes do corpo, a sede da “alma”, ou vida, como sendo o sangue,10 o coração e a respiração. Geralmente o cérebro não é considerado. O sistema Vaidik postula o coração como o centro principal da Consciência – uma relíquia do qual temos noção ainda preservada em tais frases como “leve-o para o coração” e “aprenda pelo coração”. Sādhaka, que é uma das cinco funções de Pitta,11 e que está situado no coração, assiste indiretamente na realização das funções cognitivas pela manutenção das contrações do ritmo cardíaco, e foi sugestionado12 que era, talvez, essa visão da construção do coração que os predispostos fisiologistas Indianos asseguram ser a sede da cognição. De acordo com os Tantras, contudo, os centros principais da Consciência são encontrados nos Cakras do sistema cérebro espinhal e no cérebro superior (Sahasrāra), o qual eles descreveram, embora o coração seja também reconhecido como uma sede de Jīvātmā, ou espírito corporificado, em seu aspecto como princípio vital, ou Prāṇa.13 É pelas razões mencionadas que o primeiro verso do Ṣaṭ-Cakra-Nirūpaṇa aqui traduzido fala do Yoga o qual é alcançado “de acordo com os Tantras” (Tantrānusārena) – que é como Kālīcarana, seu Comentador, diz, “seguindo a autoridade dos Tantras”.

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6 – Veja “O Desenvolvimento da Metafísica na Pérsia”, por Shaikh Muhammad Iqbal, p. 110.

7 – Al-Biruni diz ter traduzido os trabalhos de Patanjali, bem como o Sānkhya Sūtras, em árabe no início do século onze.

8 – O autor citado, contudo, diz: “Tais métodos de contemplação são completamente não islâmicos em caráter, e o mais elevado dos Sufis não referiu qualquer importância a eles”.

9 – Uma tradução foi, estou seguro, iniciada e não concluída, pelo ocultista James Pryse em Lucifer, o antigo Jornal Teosófico, que não vi.

10 – Cf. os dizeres bíblicos, “O sangue é a vida”.

11 – Veja p. 12 da Introdução do terceiro volume de meus Textos Tantricos (Prapanchasāra Tantra).

12 – Kavirāja Kunjalāla Bhishagaratna é sua edição do Sushruta Samhitā. Outra explicação, contudo, pode ser dada – ou seja, que durante a historia do homem, a importância dos vários centros perceptivos foi, de fato, alterada.

13 – De acordo com algumas visões da Índia, o cérebro é o centro da mente e dos sentidos, e o coração da vida. Charaka diz que o coração é a raiz do qual salta todas as outras partes do corpo, e é o centro de algumas das funções, ou dos órgãos. De acordo com Sushruta, o coração é a sede das sensações.

 

Recentemente alguma atenção foi dada à literatura Ocidental de um tipo oculto. Geralmente seus autores e outros têm dado a entender que eles compreenderam a teoria Hindu em questão, mas com consideráveis imprecisões. Estas não são limitadas aos trabalhos das pessoas mencionadas. Assim, para tomarmos somente dois exemplos destas respectivas classes, encontramos em um bem conhecido dicionário Sânscrito14 que os Cakras são definidos como “círculos ou depressões (sic) do corpo para propósitos místicos o quiromânticos”, e sua localização, em quase todas as particularidades, foram indevidamente dadas. O Mūlādhāra é imprecisamente descrito como sendo “acima do púbis”. Nem é o Svādhisthāna a região umbilical. Anāhata não é a raiz do nariz, mas o centro espinhal na região do coração; Viśuddha não é “a cavidade oca entre os seios frontais”, mas é o centro espinhal na região da garganta. Ājñā não é a fontanela, ou a união do coronal e suturas sagital, que estão descritas como sendo o Brahmarandhra15, mas é a posição localizada no terceiro olho, ou Jnānacakṣu. Outros, evitando tais erros grosseiros, não estão livres de menores imprecisões. Assim, um autor que, fui informado ter conhecimento considerável dos assuntos ocultos, fala de Suṣumnā como uma “força” que “não pode ser energizada até Idā e Piṅgalā a terem precedido”, o qual “passa por um choque violento através de cada seção da medula espinhal”, e o qual, no despertar do plexo sacral, passa ao longo do cordão espinhal e impinge sobre o cérebro, com o resultado que o neófito encontra “em si mesmo como sendo uma alma não corporificada no abismo escuro do espaço vazio, lutando contra o medo e um terror indescritível”. Ele também escreve que a “corrente” de Kuṇḍalinī é chamada Nāḍī; que Suṣumnā se estende como um nervo ao Brahmarandhra; que os Tattvas são sete em número; e outros assuntos os quais são imprecisos. Suṣumnā não é uma “força”, 16 e não incide sobre qualquer coisa, mas é a mais externa das três Nāḍīs, os quais forma o conduto para a força, o qual é o despertar da Devī chamada Kuṇḍalinī, o Poder Cósmico nos corpos, os quais as forças não são em si uma Nāḍī, mas passa através do interior, de Citriṇī Nāḍī, que termina no lótus de doze pétalas abaixo do Sahasrāra, a partir do qual a subida é feita ao Brahmarandhra. Seria fácil apontar outros erros nos escritos que se referem a este assunto. Será mais rentável se eu fizer como correto uma declaração como meu conhecimento admite a esta modalidade de Yoga. Mas eu desejo adicionar que alguns escritores da Índia moderna também têm ajudado a difundir noções equivocadas sobre os Cakras ao descrevê-los como um mero ponto material ou fisiológico. Ao fazê-lo, não é meramente para deturpar o caso, mas para entregá-lo, pois a fisiologia não conhece os Cakras como existindo por si mesmos – ou seja, como centros de consciências – e da atividade de Sūkṣma Prāṇa-vāyu ou força vital sutil; embora ele não lide com o corpo grosseiro o qual está relacionado a eles. Aqueles que apelam para a fisiologia somente são suscetíveis a uma reflexão não adequada.

Podemos aqui falar sobre um bem conhecido autor Teosófico17 em relação ao que chamamos os “Centros de Forças” e a “Serpente de Fogo”, no qual ele mencionou ter sido sua experiência pessoal. Embora este autor também se refira ao Yoga Śāstra, talvez possa excluir o erro se aqui ressaltarmos que sua conta não professa ser uma representação dos ensinamentos Yogīs indianos (cuja competência para seu próprio Yoga o autor algumas vezes deprecia), mas que é apresentada como uma explicação do próprio autor (fortificada como conceitos por certas porções dos ensinamentos Indianos) da experiência pessoal que (ele escreveu) ele mesmo teve.

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14 – Professor Moner Williams, Dicionário Sânscrito, sub você “Cakra”.

15 – Um termo o qual é também empregado para designar o BrahmaNāḍī, em que o último é a passagem o qual o Brahmarandhra no cérebro é alcançada.

16 – Exceto no sentido de que todas as coisas são uma manifestação do poder.

17 – “A Vida Interior”, por C.W. Ledbeater, pp. 443-478, Primeiras Séries.

 

Esta experiência parece consistir de um despertar da consciência do “Fogo Serpentino”,18 com a reforçada visão “astral” e mental que ele acredita ter mostrado e que nos diz19. Os centros, ou Cakras, do corpo humano, são descritos por vórtices de matéria “etérica”20 no qual se precipitam do mundo “astral”, 21 e perpendicular ao ângulo plano do disco girando, a sêxtupla força dos Logos trazendo “vida divina” para o corpo físico. Embora todas estas sete forças operem em todos os centros, em cada um deles uma forma de força é grandemente predominante. Alega-se que estas forças invasoras se definam na superfície do “duplo etérico” 22 forças secundárias em ângulos para si mesmas. A força primária na entrada dos vórtices radiantes novamente em linha reta, mas em ângulos retos. O número destas radiações de força primária determina o número de “petalas”23 (como os Hindus a chamam) que o “Lótus”, ou vórtice expostos. A força secundaria precipitando-se em torno do vórtice produz, é dito, a aparência de pétalas de uma flor, ou, “talvez mais precisamente, discos ou vasos rasos de vidro iridescentes”. Desta forma – ou seja, pela suposição de um vórtice etérico submetido a uma força de entrada do Logos – ambos “Lótus” descritos nos livros Hindus e o número de suas pétalas é representado pelo autor, que substitui para o centro Svādhiṣṭhāna um lótus de seis pétalas no baço, e corrige o número de pétalas do lótus na cabeça, o qual ele diz que não é de mil pétalas, conforme está nos livros de Yoga, “mas exatamente 960” 24 O centro “etérico” que mantém vivo o veículo físico corresponderia a um centro “astral” de quatro dimensões, mas entre eles haveria um invólucro estreitamente de tecido, ou teia composta de uma única camada de átomos físicos comprimidos, que previne uma abertura prematura de comunicação entre os planos. Há uma forma, é dito, no qual estes podem ser propriamente abertos e desenvolvidos, de modo a trazer mais através deste canal dos planos superiores do que normalmente passa por esse meio. Cada um destes centros “astrais” tem certas funções: no umbigo, um simples poder de sentimento; no esplênico (baço) “viagem consciente” no corpo astral; no coração, “um poder para compreender e se simpatizar com as vibrações de outras entidades do astral”; na garganta, o poder de ouvir o plano astral; entre as sobrancelhas, “a visão astral”; no topo da cabeça “a perfeição de todas as faculdades da vida astral 25”. Estes centros são, portanto, ditos como tomando o lugar, de alguma forma, dos órgãos dos sentidos no corpo astral. No primeiro centro, “na base da espinha”, está a “Serpente de Fogo”, ou Kuṇḍalinī, que existe em sete camadas, ou sete graus de força 26. Esta é a manifestação, na matéria etérica, sobre o plano físico, de uma das grandes forças do mundo, um dos poderes do Logos, do qual a vitalidade e a eletricidade são exemplos. Não é, assim é dito, o mesmo como Prāṇa ou vitalidade 27. Os “centros etéricos”, quando despertados plenamente pela “Serpente de Fogo” derruba, alega-se, na consciência física, qualquer que seja a qualidade inerente no centro astral correspondente a ele. Quando vivificado pela “Serpente de Fogo”, eles se tornam portões de conexões entre o físico e os corpos “astrais”. Quando o despertar astral desses centros se realiza primeiramente, isto não era conhecido da consciência física. Mas o sentido corporal agora pode “ser trazido para compartilhar todas essas vantagens pela repetição daquele processo do despertamento com os centros etéricos”. 

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18 – Esta e a nota seguinte comparam as suas as teorias Indianas. A Devī, ou Deusa, é chamada de Bhujangī, ou serpente, porque no centro mais inferior (Mūlādhāra) Ela repousa “enrolada” em volta do Linga. “Enrolada” = em repouso. O Poder Cósmico nos corpos aqui repousa; quando despertada é sentido como intenso calor.

19 – Certos Siddhis, ou poderes ocultos, são adquiridos em cada centro conforme o praticante trabalha seu caminho para cima.

20 – As pétalas do lótus são Prāṇa-Śakti manifestas pelo Prāṇa-vāyu, ou força vital. Cada lótus é um centro de uma forma diferente de “matéria” (Bhūta) predominante.

21 – Este é um termo Ocidental.

22 – Não mencionado na descrição dada aqui.

23 – Veja nota passada, mas três.

24 – Tão pouca atenção parece ser dada à exatidão nesta questão que uma das letras caiu na ordem para fazer 1.000 pétalas – que é 50 X 20. “Mil” é, aqui, somente um simbolismo de magnitude. – A.A.

25 - Certos Siddhis são obtidos em cada centro. Mas o topo da cabeça está além da vida “astral”. Lá o Samādhi, ou a união com a Suprema Consciência é obtida. – A.A.

26 – Parashabda que é Kuṇḍalinī em Seu aspecto como causa de todo som tem sete aspectos de Kuṇḍalī a Bindu. – A.A.

27 – Kuṇḍalī é Śabdabrahman, ou a “Palavra (Vāk)” nos corpos, e é em Sua própria forma (Svarūpa) Pura Consciência, e é todos os Poderes (SarvaŚaktimayī). Kuṇḍalinī é, de fato, a energia cósmica nos corpos e, como tal, a causa de tudo e, embora se manifestando como, não está confinada a qualquer de Seus produtos. – A.A.

  

Isto é feito pelo surgimento através da força da vontade da “Serpente de Fogo”, que existe encerrada na “matéria etérica no plano físico, e adormecida 28 no centro etérico correspondente. – aquele na base da espinha”. Quando isto é feito, ela vivifica os centros mais elevados, com o efeito que traz para a consciência física os poderes que surgirão pelo desenvolvimento dos centros astrais correspondentes. Em resumo, uma pessoa começa a viver no plano astral, o qual não é completamente uma vantagem, se não fosse aquela entrada no mundo celestial, diz-se ter alcançado no fim da vida neste plano 29. Assim, no segundo centro, a pessoa é consciente no corpo físico “de todos os tipos de influências do astral, sentindo vagamente que algumas delas são amigáveis e outras são hostis sem, no mínimo, saber por que”. No terceiro centro a pessoa é hábil a relembrar “somente parcialmente” viagens imprecisas no astral, com, algumas vezes, metade das lembranças de uma sensação beatífica de voar pelo ar. No quarto centro, o homem é, instintivamente, conhecedor das alegrias e tristezas dos outros, algumas vezes reproduzindo em si mesmo suas aflições e dores físicas. Ao elevar-se ao quinto centro, ele ouve vozes “o qual faz todos os tipos de sugestões a ele”. Algumas vezes ele ouve música “ou outros sons menos agradáveis 30. O pleno desenvolvimento assegura a clariaudiência no plano “astral”. O despertar do sexto centro assegura resultados que são, de primeira, de um caráter trivial, tal como “metade vendo paisagens e nuvens de cor”, mas, subsequentemente significando a clarividência. Aqui, diz-se haver um poder de aumento por meio de um tubo “etérico” flexível que se assemelha “a uma serpente microscópica no adorno da cabeça dos Faraós”. O Poder para expandir ou controlar o olho desta “serpente microscópica” é citado como sendo o significado de afirmação, nos antigos livros, da capacidade para fazer a si mesmo maior ou menor à vontade 31. Quando o corpo pituitário é posto a funcionar, ele forma um vínculo com o veículo astral, e quando o Fogo atinge o sexto centro e o vivifica plenamente, a voz do “Mestre” (o qual neste caso significa o mais elevado eu em seus vários estágios) é ouvida 32. O despertar do sétimo centro, torna a pessoa capaz de sair do corpo em plena consciência. “Quando o fogo passa, assim, através destes centros em uma certa ordem (que varia para diferentes tipos de pessoas), a consciência se torna contínu

Há algumas semelhanças entre esta citação e os ensinamentos do Yoga Śāstra, com os quais, de um modo geral, o autor citado parece ter algum entendimento, e que pode ter sugerido a ele alguns recursos de sua explicação. Há, primeiramente, sete centros, os quais, com uma exceção, corresponde com os Cakras descritos. O autor diz que existem três outros centros inferiores, mas que a concentração neles é muito perigosa. Que estes não são citados. Não existe nenhum centro inferior, que eu estou ciente, além daquele Mūlādhāra (como nome “centro-raiz”, em si mesmo, implica), e o único centro junto a ele, o qual é excluído, na citação acima mencionada, é o Apas Tattva centro, ou Svādhiṣṭhāna. Em seguida, existe a Força, “a Serpente de Fogo”, que os Hindus chamam Kuṇḍalinī, no centro inferior, o Mūlādhāra. Por fim, o efeito da vibração desta força, que é realizado pelo poder da vontade (Yoga-bala) 34, diz-se que exalta a consciência física através dos planos ascendentes ao “mundo celestial”.

 

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28 – Kuṇḍalinī é chamada a Serpente (Bhujangī). Ela dorme no Mūlādhāra. O que ela é, veja a última nota. Ela dorme porque Ela está em repouso. Então a consciência dos homens está desperta para o mundo, Sua criação, no qual Ela é imanente. Quando Ela desperta e o Yoga é completado, o homem dorme para o mundo e desfruta da experiência supramundana.

29 – O propósito de Kuṇḍalinī Yoga está além de todos os mundos Celestiais. Nenhum Yogī busca o “Celestial”, mas a união com aquele que é a fonte de todos os mundos.

30 - De acordo com a tradução seguinte, o som do Śabdabrahman é ouvido no Anāhata, ou o quarto centro. – A.A.

31 - Não existe nenhuma menção de uma “serpente”. Os Siddhis Animā etc., não dependem dele. É a consciência que se identifica com o pequeno ou o grande.  – A.A.

32 – Como o texto aqui traduzido diz, o Ājñā é assim chamado porque aqui ele recebe o comando do Guru de cima.  – A.A.

33 – Veja nota 26.

34 – Com a ajuda da purificação do corpo, certos Āsanas e Mudrās.

 

Usar a expressão Hindu, o objeto e alvo do Ṣaṭ-Cakra-bheda é Yoga. Isto é, em última instância, união com o Supremo Eu, ou Paramātmā; mas é obvio que, como o corpo em seu estado natural já está, embora inconsciente, em Yoga, caso contrário não existiria, cada passo consciente para acima é Yoga, e há muitos estágios antes de um completo, ou Kaivalya Mukti ser atingido. Isto e, de fato, muitos dos estágios anteriores estão muito além do “mundo celestial” do qual o autor fala. Os Yogīs não estão preocupados com o “mundo celestial”, mas procuram ultrapassá-lo; caso contrário eles não seriam Yogīs de todo. O que, de acordo com esta teoria, a força ao se manifestar, aparentemente, faz isto: ela aumenta as qualidades mental e moral do próprio operador, tal como existiam no momento de sua descoberta. Mas se isto é assim, tal reforço pode ser como pouco desejável com o estado original. Além disto, a necessidade da posse de saúde e força, o pensamento, vontade e moralidade, o qual é proposta submetida à sua influência, deve ser primeiramente purificada e fortalecida antes de serem intensificados pela influência vivificante da força despertada. Além disso, como tenho apontado em outro lugar 35, os Yogīs dizem que o perfuramento do Brahmagranthi, ou “nó”, algumas vezes envolve dor considerável, desordem física, e mesmo doenças, como não é provável seguir da concentração sobre um centro com o umbigo (Nābhipadma).

Para usar os termos hindus, o Sādhaka deve ser competente (Adhikārī), uma questão a ser determinado por seu Guru, de quem sozinho o método atual do Yoga pode ser aprendido. Os perigos casuais, contudo, citados pelo autor, vão além de qualquer mencionado por mim pelos próprios Indianos, que parece ser, no geral, desconhecido da questão da “magia fálica”, cujas referências são feitas pelo autor, que fala das Escolas de (aparentemente Ocidentais) “Magia Negra”, que dizem usar Kuṇḍalinī para propósitos de estimular o centro sexual. Outro autor diz: 36 “O simples amador no falso ocultismo somente irá degradar seu intelecto com as puerilidades do psiquismo, tornando-se a presa de influências maléficas do mundo espectral, ou a ruina de sua alma pelas práticas imundas da magia fálica – como milhares de pessoas equivocadas estão fazendo mesmo nesta era”. Isto é assim? É possível que a concentração perversa ou equivocada nos centros sexuais e relacionados possa ter o efeito aludido. E é possível que o Comentador Lakṣmīdhara alude a isto quando ele fala de Uttara Kaulas que estimulam Kuṇḍalinī no Mūlādhāra para satisfazer seus desejos para desfrutar o mundo e não tentar conduzi-La para cima para o Centro Superior, o qual é o objetivo do Yoga, buscando a bem aventurança do super mundano. Disto, um verso Sānscrito segue: “eles são os verdadeiros prostitutos”. Eu, contudo, nunca ouvi nenhum Indiano se referir a este assunto, provavelmente porque não diz respeito ao Yoga neste sentido comum, bem como pela razão da disciplina anterior requerer daqueles que empreenderiam este Yoga, a natureza de sua prática, e o objetivo que eles têm em vista, tal possibilidade não se enquadra em sua consideração. O Indiano que pratica este ou outro tipo de Yoga espiritual, normalmente assim não faz por conta de um curioso interesse no ocultismo ou com um desejo de obter o “astral” ou experiências semelhantes 37. Sua atitude neste e em todos os outros assuntos é, essencialmente, uma religiosidade única, baseada em uma fé firme em Brahman (Sthiraniṣṭhā), e inspirado por um desejo de união com Ele, que é a Liberação. 

O que é a competência para o Tantra (Tantraśāstrādhikāra) está descrito no segundo capítulo do Gandharva Tantra, como se segue: O aspirante deve ser inteligente (Dakṣa), deve ter controle sobre os sentidos (Jitendriya), deve abster-se de sofrimento para todos os seres (Sarvahimsāvinirmukta), sempre fazendo o em para todos (Sarvaprānihite ratah), puro (Shuchi); um fiel no Veda (Āstika), cuja fé e refúgio está em Brahman (Brahmishthah, Brahmavāī, Brāmī, Brahmaparāyana), e que é um não dualista (Dvaitahīna). “Tal pessoa é experiente nessa Escritura, caso contrário, não seria um Sādhaka”. (So’smin shāstre, dhikārī syāt tadanyatra na sādhaka). Com tal atitude é possível que, como apontado por um escritor Indiano (Capítulo VII post), a concentração nos centros inferiores, associados com as paixões, possam, tão longe de despertá-los, acalmá-los. É perfeitamente possível, por outro lado, que outra atitude, prática, e pretendida, pode produzir outro resultado. Falar, contudo, de concentração no centro sexual é, em si, enganosa, pois os Cakras não estão no corpo fisico, e a concentração é feita sobre o centro sutil, com sua Consciência principal, mesmo que esses centros possam ter uma relação derradeira com as funções no corpo físico. Indubitavelmente, também há uma relação e correspondência entre as Śaktis dos centros mental e sexual, e a força da última, se direcionada para cima, extraordinariamente aumenta todas as funções mentais e físicas 38. De fato, aqueles que estão “centrados” sabem como fazer todas suas forças convergirem sobre o objeto de sua vontade, e treinar e então usar toda a força sem nenhuma negligência. Os seguidores experientes deste método, contudo, como tenho afirmado, permitem que este método esteja sujeito a ser acompanhado por certas inconveniências e certos perigos, e é, portanto, considerado inoportuno exceto por uma pessoa totalmente competente (Adhikārī). 

Existe, por outro lado, muitos pontos substanciais de diferença entre a relação que tem sido sumarizada e a teoria subjacente à forma do Yoga com que este trabalho lida. A terminologia e a classificação adotada por aquela explicação pode ser denominada “Teosófica” 39; e, embora, seja possível para aqueles que estão familiarizados com ambos, com esta e com a terminologia Indiana, encontrar pontos de correspondências entre os dois sistemas, não se deve, de modo algum, concordar que a conotação, mesmo em tais casos, seja sempre exatamente a mesma. Pois, embora os ensinamentos “Teosóficos” estejam largamente inspirados pelas ideias Indianas, o significado, que é atribuído aos termos Indianos, que é empregado, nem sempre é dado a esses termos pelos próprios Indianos. Isto, algumas vezes, é confuso e enganoso, um resultado que deveria ser evitado se os escritores desta escola adotassem, em todos os casos, sua própria nomenclatura e definições. 40. Embora para a visualização de nossas concepções, o termo “planos” é um termo conveniente, e pode ser empregado, a divisão pelos “princípios” mais aproximados prenuncia a verdade. Não é fácil para mim relacionar, como perfeita exatidão, as teorias Indianas e Teosóficas como os princípios dos homens. No entanto, tem sido afirmado 41, que o corpo físico tem duas divisões, o “denso” e o “etérico”; que estes correspondem ao Annamaya e ao Prāṇamaya Kośas, e que o corpo “astral” corresponde ao Kāmik, ou lado do desejo do Manomayakośa, ou invólucro mental. Assumindo o argumento da suposta correspondência, em seguida, os “centros etéricos”, ou Cakras, de acordo com esta explicação, parecem ser centros de energia do Prāṇa-vāyu, ou Força Vital. Os lótus também são estes e os centros da consciência universal. Kuṇḍalinī é a forma estática da energia criativa nos corpos, o qual é a fonte de todas as energias, incluindo o Prāṇa. De acordo com a teoria deste autor, Kuṇḍalinī é alguma força que é distinta do Prāṇa, compreendendo este termo como significando vitalidade, ou princípio de vida, o qual na entrada dos corpos mostra-se em diversas manifestações de vida que são os Prāṇas menores, dos quais a inspiração é chamada pelo nome geral de força em si mesma (Prāṇa). Os Versos 10 e 11 dizem de Kuṇḍalinī: “É Ela quem mantém todos os seres (ou seja, Jīva, Jīvātmā) do mundo pelos meios da inspiração e da expiração”. Ela é assim o Prāṇa Devatā, mas, como Ela é (Comm., vv. 10 e 11) Srishti-sthiti-layātmikā, todas as forças, portanto, estão Nela. Ela é, de fato, o Śabdabrahman da “Palavra” nos corpos. A teoria discutida parece divergir daquele dos Yogīs quando consideramos a natureza dos Cakras e a questão de sua vivificação. De acordo com a explicação do autor inglês, os Cakras são todos vórtices de “matéria etérica”, aparentemente da mesma espécie e sujeitos à mesma influência externa da força sétupla invasora do “Logos”, mas diferenciando-se desta, o qual em cada um dos Cakras, uma ou outra de sua força sétupla é predominante. Novamente se, como foi afirmado, o corpo astral corresponde ao Manomayakośa, então a vivificação dos Cakras parece ser, de acordo com esta explicação, um despertar do lado Kāmik do invólucro mental. De acordo com a doutrina hindu, estes Cakras são diferentes centros da consciência, vitalidade e energia Tāttvica, ou Tanmātra, que manifesta o Mahābhūta, ou matéria sensível. O sexto é o centro do Tattva sutil mental, e o Sahasrāra não é chamado um Cakra de todo. Nem, como citado, o centro esplênico (baço) está incluído dentre os seis Cakras que são tratados aqui.

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38 – Aqueles que praticam magia do tipo mencionado, trabalham somente o centro inferior, tendo recorrido ao Prayoga, que leva ao Nāyikā Siddhi, o qual o comércio é feito com espíritos femininos e semelhantes. O processo neste trabalho descrito é sobre o caminho da Liberação e não tem nada com magia negra ou sexual.

39 – Mente, Respiração e função Sexual estão intercorrelacionadas. O objetivo do Yogī é levar “sua semente ao alto” para Urddhvaretās como é chamado. Para este propósito o Viparīta Mudrās são designados.

40 – Estou ciente de que a Sociedade Teosófica não tem uma doutrina oficial. O que eu chamo de “Teosofico” são as teorias colocadas acima por seus líderes principais e largamente aceitos por seus membros. Eu coloco a palavra em aspas para denotar a doutrina assim ensinada e realizada por esta Sociedade, com quais doutrinas aTeosofia, em um sentido geral, não está, necessariamente, totalmente identificada.

41 – Assim, o Sanscristita Teosofico Srīsha Candra Vasu, em sua “Introdução à Filosofia do Yoga”, chama o Linga Sharīra de “a duplicata etérea” (pg. 35). De acordo com o uso Indiano comum daquele termo, o Linga Sharīra é o corpo sutil, ou seja, o Antahkarana e Indriyas – veiculado pelos Tanmātras, ou de acordo com outra explicação, os cinco Prāṇans. De outro modo (p. 51) é chamado de o corpo “Astral”, e algumas declarações são feitas quanto aos Cakras, que não são, de acordo com os textos, com os quais eu estou familiarizado.

 

No sistema Indiano, o número total de pétalas correspondem ao número de letras do Alfabeto Sânscrito 42, e o número de pétalas de qualquer lótus específico é determinado pela disposição dos “nervos” sutis, ou Nāḍīs em torno deles. Estas pétalas, além disso, carregam sutis poderes do som, e são cinquenta e um 43 em número, assim como as letras do Alfabeto Sânscrito. 

O trabalho Sânscrito também descreve certas coisas, as quais são obtidas pela contemplação de cada um dos Cakras. Algumas delas são de um caráter geral, tais como vida longa, liberdade de desejo e pecado, controle dos sentidos, conhecimento, poder do discurso e fama. Algumas destas e outras qualidades são resultados inerentes à concentração em mais do que um Cakra. Outros são citado em relação com a contemplação sobre um centro somente. Tais declarações parecem ser feitas, não necessariamente com a intenção de registrar precisamente o resultado específico, se qualquer, que se segue à concentração sobre um centro em particular, mas por meio de louvor para aumentar o auto-controle, ou Stuti-vāda; como quando se diz no verso 21 que a contemplação no Nābhi-padma faz o Yogī obter o poder de destruir e criar o mundo. 

Também se diz que a maestria dos centros pode produzir vários Siddhis, ou poderes, em relação aos elementos predominantes lá naquele centro. E isto é, de fato, alegado 44. Paṇḍit Ananta Śāstrī diz 45: “Podemos encontrar pessoas importantes, todos os dias, acotoveladas nas ruas ou em bazares, na tentativa sincera de alcançar o mais elevado plano de bem-aventurança, mas vítimas abatidas no caminho das ilusões do mundo físico, e paradas em um ou outro dos seis Cakras. Elas estão variando nos graus de realização, e são vistas possuirem algum poder que não é encontrado nem mesmo nos animais intelectuais mais ordinários da humanidade. Que esta escola de psicologia prática estava trabalhando muito bem na Índia neste momento é evidente a partir destes exemplos de vida (para não falar dos numerosos tratados sobre o assunto) dos homens vagando em todas as partes do país”. O simples estímulo do poder da Serpente não tem, do ponto de vista do Yoga espiritual, muita importância. Nada, contudo, do momento real, do ponto de vista do Yogī mais elevado, é alcançado até que o Ājñā Cakra seja alcançado. Aqui, novamente, diz-se que o Sādhaka, cujo Ātma é nada, senão uma meditação neste lótus, “torna-se o criador, preservador e destruidor dos três mundos”; e ainda, como o comentador aponta (verso 34), “Isto é senão o mais elevado Prashamsā-vāda, ou Stutivāda, ou seja, complemento – o qual, na literatura Sânscrita, é como, muitas vezes, vazio da realidade, assim como ele é em nossa vida comum. Embora se conquiste muito aqui, ele não é até que os Tattvas deste centro também sejam absorvidos, e o conhecimento 46 completo do Sahasrāra seja obtido, então o Yogī alcança aquele que é ambos seus objetivos e o motivo de seu trabalho, a cessação do renascimento que segue sobre o controle e a concentração de Citta sobre o Śivasthānam, a Morada da Bem-aventurança. Não se deve supor que simplesmente porque a Serpente de Fogo foi despertada que a pessoa se torna, por esse meio, um Yogī, ou que se tenha alcançado o propósito do Yoga. Existem outros pontos de diferença que o leitor irá descobrir por si mesmo, mas no qual não entrarei em discussão, conforme meu objetivo na comparação das duas explicações foi estabelecer um contraste geral entre esta explicação moderna e aquela dos eruditos Indianos. Eu posso, contudo, adicionar que as diferenças não são somente como detalhadas.

 

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42 – “Sabedora Antiga”, pg. 176, po Dr. A. Besant.

43 – Os quais são somente dados como 50 ao invés de 51.

44 – Veja Yogatattva Upaniṣad, onde a contemplação sobre o centro da Terra asegura maestria sobre a terra etc. Ao mesmo tempo ele aponta que estes “poderes” são obstáculos à Liberação.

45 – Ānandalaharī, pg. 35.

46 – Isto, é obvio, vem somente depois de longo esforço, e seguindo-se sobre menos experiências e resultados completos. De acordo com as noções Indianas, o sucesso (Siddhi) no Yoga, pode ser fruto de experiências de muitas vidas anteriores. Kuṇḍalinī deve ser gradualmente elevada de centro a outro até que ela alcança o centro do cérebro. O período de tempo requer variações no indivíduo – ou seja, pode ser anos normalmente, ou em casos excepcionais, meses.

O estilo do pensamento difere em um sentido não facilmente descrito, mas que irá ser rapidamente reconhecido por aqueles que têm alguma familiaridade com as Escrituras Indianas e modo de pensamento. O último é sempre disposto a interpretar todos os processos e seus resultados de um ponto de vista subjetivo, embora para os propósitos da Sādhana, o aspecto objetivo não é ignorado. a teoria Indiana é altamente filosofica. Assim,  para citar somente um exemplo, embora o Rt. Ver. Leadbeater atribui o poder de se tornar maior ou menos ao poder (Animā e Mahimā Siddhi) a um tubo flexível, ou “serpente microscópica” na cabeça, o Hindu diz que todos os poderes (Siddhi) são os atributos (Aishvarya) do Senhor Īśvara, ou Consciência Criativa, e que no grau que o Jīva realiza aquela consciência 47 ele compartilha os poderes inerentes no grau de sua realização. 

Aquela característica geral dos sistemas Indianos, e que constitui sua profundidade real, é de suprema importância atribuída à Consciência e seus estados. São estes estados que criam, sustentam e destroem os mundos. Brahmā, Viṣṇu e Śiva são os nomes para funções da única Consciência Universal operando em nós mesmos. E quaisquer que sejam os meios empregados, é a transformação do estado “inferior” em estado “superior” de consciência que é o processo e o fruto do Yoga e a causa de todas suas experiências. Nesta e outras matérias, contudo, devemos distinguir ambas as práticas e a experiência a partir daí. Uma experiência semelhante pode, possivelmente, ser obtida por vários meios de prática, e uma experiência pode, de fato, ser uma verdade, embora a teoria que pode dar a explicação para ela esteja incorreta.

As seguintes seções irão permitir o leitor prosseguir as comparações por si mesmo. 

Quanto à prática, eu não disse que Kuṇḍalinī não pode ser despertada exceto no Mūlādhāra e pelos meios aqui indicados, embora isto possa ocorrer por acidente quando, por oportunidade, uma pessoa tem sucesso sobre as posições e as condições necessárias, mas não o contrário. Assim a história é contada de um homem que foi encontrado cujo corpo estava tão frio quanto um cadáver, embora o topo da cabeça estava ligeiramente quente. (Este é o estado no Kuṇḍalī-Yoga Samādhi). Ele foi massageado com ghee (manteiga clarificada), quando a cabeça ficou, gradualmente, mais quente. O calor desceu para o pescoço, quando todo o corpo recuperou seu calor de súbito. O homem voltou à consciência e, então, contou a história de sua condição. Ele disse que tinha acontecido através de algo estranho, imitando a postura de um Yogī, quando subitamente um “sono” veio sobre ele. Ele supôs que sua respiração devia ter parado, e que, estando em uma posição e condições corretas, ele tinha inconscientemente despertado Kuṇḍalī, que tinha ascendido ao Seu centro cerebral. Não sendo, contudo, um Yogī, ele não poderia fazê-la descer novamente. Isto, além do mais, somente pode ser feito quando as Nāḍīs estão purificadas.  Eu disse que o Paṇḍit (que deu-me esta história, que foi instruído neste Yoga, e cujo irmão a praticou) do caso de um amigo meu europeu que não era familiarizado com os processo do Yoga aqui descritos, embora ele tenha lido algo sobre Kuṇḍalī na tradução de trabalhos Sânscritos e que, não obstante, acreditou ter elevado Kuṇḍalī somente pelos processos de meditação. De fato, como ele me escreveu, foi em vão para ele, como um europeu, entrar em minúcias do Yoga Oriental. Ele, contudo, viu os “nervos” Idā e Piṅgalā, e o “fogo central” como uma aura trêmula de luz rósea e azul, ou luz azulada, e um fogo branco que se levantou até o cérebro e inflamou-se em um esplendor veloz em cada um dos lados da cabeça. O fogo foi visto intermitente do centro ao centro com tanta rapidez que ele poderia ver pouco da visão, e movimentos das forças foram vistas nos corpos dos outros. O esplendor, ou aura, em torno de Idā foi visto como semelhante a Lua – ou seja, azulado pálido – e Piṅgalā, vermelho ou um pouco rosa pálido opalescente. Kuṇḍalī apareceu na visão como de um fogo dourado intenso esbranquiçado, enrolada como numa espiral. Tendo os centros, Suṣumnā, Idā e Piṅgalā simbolizados pelo Caduceu de Mercúrio 48, a pequena bola no topo da roda foi identificada com o Sahasrāra, ou glândula pineal 49, e as asas como auras flamejantes em cada lado do centro quando o fogo o alcança.

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47 – Como isto é pela graça da Devī, Ela é chamada de “a doadora dos oito Siddhis” (Īshitvāshtasiddhidā). Veja TriṢaṭī, II. 47. Ela doa Aishvarya.

48 – No qual a roda é o canal central (Suṣumnā), que está interlaçada por Idā e Piṅgalā simpáticos, os pontos da seção sendo os centros. As duas asas no topo são os dois lóbulos, ou pétalas do Ājñā Cakra.

49 – Aqui eu diferencio. O Saharāra está no topo do crânio, ou cérebro superior. A glândula pinela é mais abaixo, na região do Ājñā Cakra.

Uma noite, estando anormalmente livre dos desejos do corpo, ele sentiu a serpente se desenrolar, e ela correu para cima, e ele estava em “uma fonte de fogo”, e sentiu, assim ele disse, “as chamas propagando-se sobre minha cabeça, e lá começou uma musica conflitante como de címbalos, enquanto algumas dessas chamas, como emanações, pareciam se expandir e encontrar como asas recolhidas sobre minha cabeça. Eu senti um movimento bamboleante. Eu realmente me senti amedrontado, conforme o Poder parecia algumas vezes que iria me consumir”. Meu amigo escreveu-me que em sua agitação ele esqueceu de manter sua mente no Supremo e assim perdeu uma aventura divina. Talvez tenha sido por esse motivo que ele disse que não considerou o despertar de seu poder como uma experiência espiritual mais elevada, ou em um nível com outros estados de consciência que ele experimentou. A experiência, contudo, o convenceu de que existe uma ciência e magia real nos livros Indianos que tratam da fisiologia oculta.

As observações do Paṇḍit nesta experiência são como se seguem: Se a respiração é interrompida e a mente é levada para baixo, o calor é sentido. É possível “ver” Kuṇḍalinī com os olhos mentais, e desta forma experimentá-La sem realmente despertá-La e levá-La para cima, o que somente pode ser realizado pelos métodos do Yoga prescritos. Kuṇḍalinī pode ter, assim, sido visto como Luz no centro básico (Mūlādhāra). Foi a mente (Buddhi) que A percebeu, mas como o experenciador não tinha sido ensinado, ele ficou confuso. Há um teste simples para saber se realmente Kuṇḍalinī despertou. Quando Ela é despertada, intenso calor é sentido naquele local, mas quando ela sai de um centro em particular, a parte se torna fria e aparentemente sem vida, como a de um cadáver. O progresso para cima pode, assim, ser verificado externamente por outros. Quando a Śakti (Poder) atingiu o cérebro superior (Sahasrāra) todo o corpo se torna frio e como um cadáver; exceto o topo do crânio, onde algum calor pode ser sentido, este sendo o local onde os aspectos estáticos e cinéticos da Consciência se unem.

O presente trabalho foi editado, não com o objetivo de estabelecer a verdade ou conveniência dos princípios e métodos desta forma de Yoga, um assunto que cada um irá determinar por si mesmo, mas como um primeiro esforço para fornecer, mais particularmente para aqueles interessados no ocultismo e misticismo, uma completa e mais acurada e racional apresentação do assunto.

Uma compreensão dos assuntos ocultos na dissertação aqui traduzida é, contudo, somente possível se primeiramente resurmimos brevemente algumas das doutrinas filosóficas e religiosas subjacentes neste trabalho, e um conhecimento de que sua leitura será adotada por seu autor.

As seguintes seções, portanto, desta Introdução serão tratadas primeiramente com os conceitos de Consciência 50 e do inconsciente, como Mente, Matéria e Vida, e com sua associação com o Espírito Corporificado, ou Jīvātmā. Em seguida, o aspecto cinético do Espírito, ou Śakti, é considerado; sua ideação e manifestação criativas no Macrocosmos envolvido e no corpo humano, ou Microcosmo (Kshudra-brahmānda), que é uma réplica em uma pequena escala do grande mundo. Pois como é dito no Vishvasāra Tantra, “O que está aqui está em todo lugar. O que não está aqui não está em nenhum lugar” (Yad ihāsti tad anyatra yannehāsti na tat kvaCit). Depois de uma explicação da “Palavra” e das letras do discurso, concluo com o método de involução, ou Yoga. O último não será entendido a não ser que o assunto das seções anteriores tenha sido compreendido corretamente.

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50 – Para os significados deste termo como usado aqui, veja meu “Śakti e Śākta”.

 

É necessário explicar e compreender a teroria da evolução do mundo mesmo nas matérias práticas com as quais este trabalho é relacionado. Pois, como o Comentador diz no v. 39, quando se lida com a prática do Yoga, A regra é que coisas se dissolvem a partir de onde se originam, e o processo do Yoga aqui descrito é a dissolução (Laya). Este retornou, ou processo de dissolução (Nivṛtti) em Yoga, não será compreendido a menos que o seguinte, ou o processo criativo (Pravṛtti) seja entendido. Semelhantes considerações se aplicam aos outros assuntos tratados aqui.

Assim também será uma pequena análise da doutrina Śākta do Poder de imenso valor.

Tudo o que é manifestado é Poder (Śakti) como Mente, Vida e Matéria. Poder implica como Detentor do Poder (Śaktimān). Não há Detentor do Poder sem Poder, ou Poder sem Detentor do Poder. O Detentor do Poder é Śiva, o Poder é Śakti, a Grande Mãe do Universo. Não há Śiva sem Śakti, ou Śakti sem Śiva. Os dois são, em si mesmos, um. Eles são cada um, Ser, Consciência e Bem-aventurança. Estes três termos são escolhidos para indicar a Realidade última, porque Ser ou ‘Não-Ser’, como distinguido das formas particulares do Ser, não pode ser pensado de fora. ‘Ser” novamente é ‘estar consciente’ e, por fim, perfeito Ser-Consciência é o Todo, e ilimitadamente livre Ser é Bem-aventurança. Estes três termos suportam a última Realidade criativa como se em si mesmo. Pela imposição destes termos do Nome (Nāma) e Forma (Rūpa), ou Mente e Matéria, temos o limitado Ser-Consciência e Bem-aventurança que é o Universo.

O que, então, é o Poder quando não há Universo? É então o Poder para Ser, para auto-conservar e resistir à mudança. Na evolução é o Poder para se tornar e para mudar, e em sua manifestação como formas é a causa material, tornando-Se o mutável dos Mundos. Tornando-Se não-Deus, pois é forma finita e Ele é a forma infinita. Mas a essência daquelas formas é Poder infinito o qual ao infinito Detentor do Poder. É Ele quem coloca Poder e cria o Universo.

Descanso implica em Atividade, e Atividade implica em Descanso. Por trás de toda atividade existe um fundo estático. Śiva representa o aspecto estático da Realidade, e Śakti o aspecto de movimento. Os dois, conforme eles são em si mesmos, são um 51. Tudo é Real, Ambos, Imutável e Mutável. Māyā não é este sistema de “ilusão”, mas é, em palavras concisas do Śākta Sādhaka Kamalākānta, ‘a Forma do Amorfo’ (śūnyāsya ākāra iti māyā). A palavra é sua forma e esta forma é, portanto, Real.

O homem é, então, como sua essência o Detentor do Poder estático; ou Śiva que é pura Consciência; e como Mente e Corpo, ele e a manifestação do Poder de Śiva, ou Śakti, ou Mãe. Ele é, assim, Śiva-Śakti. Ele é como se encontra em uma expressão de Poder. o objetivo da Sādhanā, ou Adoração, e Yoga é aumentar seu Poder para sua perfeita expressão, que é perfeita no sentido de experiência ilimitada. Um método de se fazer é o Yoga descrito aqui, pelo qual o homem troca seu limitado, ou experiência mundana, por aquela que é o Todo ilimitado (Pūrṇa), ou Perfeita Bem-aventurança.

 

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51 – Veja como Poder, Chhand. Up., 6-2-1; 6-3-4; 6-8-6; 7-26-1; 6-2-3. TAITT. Up. Sveta. Up., 1-3; 6-8. Rigveda S., 10-129-2; 10-129-5. Taitt. Br., 3-8; 17-3. Yajurveda, 7-3-14-1. Mund. Uo., 1-9. Kūrma Purāṇa, 1-12-28.


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