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Capítulo 2 – A adoração de Brahman

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महा निर्वाण तन्त्रम्
Mahā Nirvāṇa Tantram


Uma tradução feita por:
Karen de Witt
Uma yoginī em seva a Śrī Śiva Mahādeva
(karen_de_witt@hotmail.com)
A partir de diversos autores.
© Todos os direitos reservados. A tradução não pode ser comercializada sob qualquer meio. Este é um trabalho de seva e está disponibilizado gratuitamente na internet.
Rio de Janeiro
PRIMEIRA TRADUÇÃO: 2009
REVISÃO:2020/2021

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Capítulo 2 – A adoração de Brahman


2:1 – Tendo ouvido as palavras de Devī, Śaṅkara, o doador de felicidade no mundo, o grande Oceano de Misericórdia, assim falou verdadeiramente.

Sadāśiva disse:

2:2 – Oh Exaltada e Sagrada!, Benfeitora do universo, bem foi perguntado por ti. Por ninguém uma pergunta tão auspiciosa foi feita anteriormente.

2:3-6 – Digna de toda honra és tu que sabes o que é certo, Oh Benfeitora de todos os nascidos nesta Era!, Oh Gentil!, o que tu disseste é verdade. Oh Parameśvarī, tu és Onisciente. Tu conheces o passado, o presente e o futuro e o Dharma. O que tu disseste sobre o Dharma do passado, do presente e do futuro sem dúvida é verdade de acordo com as injunções e apropriados. Oh Sureśvarī!, homens, sejam eles nascidos duas vezes (brāhmaṇes, kṣatriyas e vaiśyas que são investidos do cordão sagrado, yajñopavīta) ou outras castas, afligidos como eles são por esta Era pecaminosa, e incapazes de distinguir o puro do impuro, não podem obter pureza pelos rituais védicos ou sucesso de seus desejos finais pelos Saṁhitās e Smṛtis.

2:7-13 – Verdadeiramente, verdadeiramente e, novamente, verdadeiramente eu digo a você, Oh amada, que nesta Era não há caminho para a Liberação senão aquele proclamado pelo Āgama (Tantra Śāstra). Oh Bem Aventurada, eu já previ nos Vedas, Smṛtis e Purāṇas, que, nesta Era, o sábio deve adorar os Devas de acordo com o método ordenado no Āgama. Verdadeiramente, verdadeiramente e sem dúvida, eu digo a você que não há Liberação para quem, nesta Era, vai contra tais escrituras e seguem outras. Não há outro Senhor senão Eu neste mundo, e somente Eu sou aquele de quem os Vedas, Purāṇas, Smṛtis e Saṁhitās falam. Todas essas (escrituras) ensinam que minha morada é o purificador de todos os mundos, e eles que são avessos à minha doutrina são incrédulos e pecadores, tão grandes quanto aqueles que matam um brāhmaṇe. portanto, Oh Devī!, a adoração daquele que não atende os meus preceitos é infrutífera e, além disso, tal pessoa vai para o inferno. O tolo que segue outra doutrina sem se importar com a minha é um grande pecador tal qual o assassino de um brāhmaṇe ou de uma mulher, ou um parricídio; não há dúvida disto.

2:14-26 – Nesta Era os mantras dos tantras são eficazes, produzem frutos imediatos e são auspiciosos para japa, yajña e tais práticas e cerimonias. Os ritos védicos e os mantras que foram eficazes na Primeira Era deixaram de ser nesta (Era). Eles são agora tão impotentes quanto cobras sem veneno, cujas presas venenosas foram retiradas. Eles foram frutíferos no Satya e em outras Eras, mas no Kali Yuga eles estão como mortos. Todo aquele monte de outros mantras não tem mais poder do que órgãos dos sentidos de alguma imagem na parede. Adorar com a ajuda daqueles outros mantras é tão infrutífero quanto coabitar com uma mulher estéril. Nada é obtido e o trabalho é perdido. Aquele que nessa Era busca salvação pelos meios prescritos pelos outros (antigos métodos) é como um tolo sedento que cava um poço nas margens do Jāhnavī (o rio gaṅgā), e quem, conhecendo meu Dharma, anseia por qualquer outro, é como aquele que com néctar em sua casa anseia pelo suco venenoso da planta ākanda. Não há outro caminho para a salvação e felicidade nesta vida ou por vir como aquele mostrado pelos Tantras, o qual dá tanto felicidade quanto Liberação (bhoga e mokṣa). Da minha boca tenho emitido os vários Tantras com suas lendas e práticas sagradas tanto para siddhas quanto para sādhakas (analogicamente, para adeptos e noviços). Às vezes, Oh Minha Amada!, por razões do grande número de homens de disposição paśu, como também da diversidade das qualificações dos homens, tem sido dito em alguns lugares que o Dharma falado nas Escrituras Kulācāra deve ser mantido em segredo. E em alguns lugares novamente eu tenho, Oh Amada!, revelado alguns Tantras com o objetivo de inclinar a mente dos homens a isso. Vários são os Devas e Devīs dos quais também se fala tais como Bhairavas, Vetālas, Vaṭukas, Nāyikās e formas de adoração tais como Śāktas, Śaivas, Vaiṣṇavas, Sauras, Gāṇapatyas e outras. Neles também são descritos vários mantras e yantras que ajudam os homens na realização do siddhi e que, embora exijam grande esforço, asseguram os frutos desejados. Como e quando as perguntas foram feitas a mim por qualquer um, então, Oh Amada, eu dei como resposta que foi apropriada e de benefício para ele.

2:27-29 – Ninguém antes me questionou, como tu o fizeste, para o bem da humanidade – ou melhor, para o benefício de tudo que respira e, também, com tantos detalhes e com referência às necessidades da época presente. Portanto, por minha afeição por ti, Oh Pārvatī!, falarei para ti da Suprema Essência das essências. Oh Deveśī!, vou declarar, diante de ti, a própria essência destilada dos Vedas e Āgamas, e em particular a partir dos Tantras.

2:30 – Assim como os homens versados nos Tantras são para os outros homens como Jāhnavī (Gaṅge) é para os outros rios, assim Eu sou para todos os outros Devas como este Tantra (Mahānirvāṇa) é para todos os outros Āgamas.

2:31-32 – Oh Auspiciosa!, de que valem os Vedas, Purāṇas ou Śāstras, já que aquele que tem o conhecimento deste grande Tantra é Senhor de todo siddhi?  Uma vez que fui movido por ti para o bem do mundo, falarei a ti daquilo que leva ao benefício do Universo.

2:33-54 – Oh Parameśvarī!, deve ser feito bem ao universo, o Senhor do universo fica satisfeito, uma vez que Ele é o seu Eu, e isso depende Dele. Ele é Um. Ele é sempre existente. Ele é a Verdade. Ele é a Suprema Unidade sem um segundo. Ele é sempre completo e auto manifesto. Ele é Eterna Consciência e Bem-Aventurança. Ele é sem mudança, autoexistente e sempre o mesmo, sereno, sobre todos os atributos (nirguṇa). Ele é o Observador e a Testemunha de tudo que existe, Onipresente, o Eu de tudo que existe. Ele é o Eterno e Onipresente, é oculto e permeia todas as coisas. Embora Ele próprio seja desprovido de sentidos, Ele é o Iluminador de todos os sentidos e seus poderes. A Causa de todos os três mundos, e ainda está além deles e da mente dos homens. Inefável e Onisciente, Ele conhece o universo, ainda que ninguém O conheça. Ele balança este universo incompreensível e tudo que tem movimento e é imóvel nos três mundos depende dEle; e dependendo de Sua realidade o mundo das formas parece verdade. Nós também viemos dEle como nossa Causa. Ele, o único Supremo Senhor, é a Causa de todos os seres, a Manifestação de Cuja Energia criativa nos três mundos é chamada Brahmā. Por Sua vontade Viṣṇu protege e Eu dissolvo. Indra e todos os outros Devas Guardiões dependem dEle e mantêm as regras em suas respectivas regiões sob Seu comando. Tu, Sua suprema Prakṛti és adorada em todos os três mundos. Cada um faz o seu trabalho pelo poder dEle que mora dentro e dirige. Ninguém é independente dEle. Através do medo dEle o vento (Vāyu) sopra, o Sol aquece, as nuvens chovem chuvas sazonais e as árvores florescem na floresta. É Ele quem destrói o Tempo na Grande Dissolução, de quem mesmo o medo e a própria morte têm medo. Ele é Bhagavān, Quem é indicado pelas palavras Yat Tat no Vedāṅta. Oh Adorada dos Devas!, todos os Devas e Devīs – não somente o universo inteiro, de Brahmā a uma folha de grama – são Suas formas. Se ele está agradado, o Universo está agradado. Se algo for feito para O gratificar, então a gratificação de tudo é causada. Assim como regando a raiz de uma árvore satisfaz o desejo das folhas e dos ramos, assim, pela adoração dEle todos os Imortais são satisfeitos. Assim como, Oh Virtuosa!, todas as belas Devīs são agradadas quando tu és adorada e quando os homens meditam e fazem japa e oram a ti. Como todos os rios devem ir para o oceano, assim, Oh Pārvatī!, todas as ações de adoração devem alcançá-Lo como o último objetivo. Quem quer que seja o adorador e quem quer que seja o Devatā que é reverencialmente adorado para algum fim desejado, tudo que é dado a ele através do Deva que ele adora, vem dEle como o Supremo. Oh, de que serve falar mais diante de ti, Oh Minha Amada? Não há nenhum outro senão Ele para meditar, para adorar, para orar, para alcançar a Liberação com tanto prazer ou facilidade. Nenhuma necessidade há de incomodar, de jejuar, de torturar seu próprio corpo, de seguir regras e costumes, de fazer grandes oferecimentos. Não há nenhuma necessidade de estar atento com o tempo, nem como fazer Nyāsa ou Mudrā. Portanto, Oh Kuleśānī!, quem se esforçará para buscar abrigo em outro lugar senão com Ele?

 

Fim do 2º Capítulo intitulado “Introdução à Adoração de Brahman".

 

 

 

 

 

 


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