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Capítulo 5 – Mantras e Purificação

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महा निर्वाण तन्त्रम्
Mahā Nirvāṇa Tantram


Uma tradução feita por:
Karen de Witt
Uma yoginī em seva a Śrī Śiva Mahādeva
(karen_de_witt@hotmail.com)
A partir de diversos autores.
© Todos os direitos reservados. A tradução não pode ser comercializada sob qualquer meio. Este é um trabalho de seva e está disponibilizado gratuitamente na internet.
Rio de Janeiro
PRIMEIRA TRADUÇÃO: 2009
REVISÃO:2020/2021

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Śrī Sadāśiva disse:

5:1-9 – Tu és a Ādyā Paramā Śakti, tu és todo o poder. É por teu poder que nós (a trindade) somos poderosos nas ações da Criação, Preservação e Dissolução. Infinitas e de variadas cores e formas são tuas aparências, e vários são os extenuantes esforços através do qual (teus sādhakas) podem realiza-las. Quem pode descrevê-las? Nos Kulas Tantras e nos Āgamas eu tenho, com a ajuda de apenas uma pequena parte de tua misericórdia, e com todos os meus poderes, descrito a sādhanā e o arcana de tuas aparições; entretanto, em nenhum outro lugar esta sādhanā secreta é revelada. É pela graça disto (sādhanā), oh abençoada!, que tua misericórdia em mim é tão grande. Questionado por ti, não sou mais capaz de ocultar isto. Para o teu prazer, oh amada!, eu falarei daquilo que é mais querido para mim, mais do que a própria vida. O que traz alívio para todos os sofrimentos. Que afasta de todos os perigos. Que te dá prazer e é o meio pelo qual tu és mais facilmente alcançada. Para os homens que se tornaram miseráveis pela Era de Kali, de vida curta e impróprios para os esforços extenuantes, esta é a maior riqueza. Nesta (sādhanā o qual irei descrever), não há necessidade de uma multiplicidade de nyāsa, de jejum ou outras práticas de autocontrole. É simples e agradável e ainda concede frutos ao adorador. Então, primeiro ouça, oh Devī!, o Mantroddhāra do Mantra, a mera audição libera o homem de futuros nascimentos enquanto ele vive.

Mūla Mantra

5:10-13 – Por colocar o prāṇeśa (ha, o senhor da vida) em taijasa (ra, bīja do fogo) e adicionar a ele o bherundā (ī) e o bindu (ṁ), o primeiro bīja é formado (ou seja, hrīṁ). Depois disto, procedo para o segundo. Por colocar saṅdhyā (śa) em rakta (ra) e adicionar a ele o vāmanetra (ī) e o bindu (ṁ), o segundo bīja é formado (ou seja, śrīṁ). Agora ouça, oh amada!, a formação do terceiro bīja. Prajāpati (ka, ou Brahmā, o Senhor da Criação) é colocado em dīpa (o bīja do fogo, ra) e a eles é adicionado Govinda (novamente a vogal ī) e bindu (ṁ), ou seja, krīṁ). Ele assegura felicidade aos adoradores. Depois de fazer estes três bījas, adicione a palavra parameśvarī no vocativo e então a palavra Vanhikānta (svāhā, a consorte de Vahni, o fogo). Assim, oh amada!, o mantra de dez letras é formado. Esta Vidyā é a Suprema Devī, é a substância do qual é todos os mantras.

Mūla mantra: hrīṁ śrīṁ krīṁ parameśvari svāhā |

5:14-15 – O mais excelente adorador deve, para a realização de riqueza e de todos os seus desejos, fazer japa de cada um ou de todos os três bījas. Por omitir os primeiros três bījas da Vidyā de dez letras, ele se torna um mantra de sete sílabas. Por prefixar o bīja de Kāma (klīṁ, de Kāmadeva), ou o Vāgbhava (aiṁ, de Sarasvatī), ou o Tāra (Oṁ), três mantras de oito letras cada um são formados.

Aṣṭa Mantras: klīṁ parameśvarī svāhā | aiṁ parameśvarī svāhā | oṁ parameśvarī svāhā |

5:16-17 – No final da palavra no vocativo no mantra de dez letras, a palavra Kālikā deve ser pronunciada e então os três primeiros bījas, seguidos do nome da esposa de Vahni (svāhā é o nome da esposa de Agni, ou Vahni). Este mantra consistindo de 16 letras é chamado Ṣoḍaśī o qual fica escondido em todos os Tantras e que tem sido descrito por mim; e quando Śrīṁ e Oṁ são adicionados no início, dois mantras de dezessete letras são formados:

Daśākṣarī mantra: hrīṁ śrīṁ krīṁ parameśvari svāhā |
Ṣoḍaśākṣarī mantra: hrīṁ śrīṁ krīṁ parameśvari kālike hrīṁ śrīṁ krīṁ svāhā |
Saptadaśākṣarī mantra 1: śrīṁ hrīṁ śrīṁ krīṁ parameśvari kālike hrīṁ śrīṁ krīṁ svāhā |
Saptadaśākṣarī mantra 2: oṁ hrīṁ śrīṁ krīṁ parameśvari kālike hrīṁ śrīṁ krīṁ svāhā |

5:18-20 – Intermináveis são teus mantras, oh querida!, koṭis (milhões ou um crore) e arbudas (cem milhões). Aqui, resumidamente, declarei doze deles. Sejam quais forem os mantras mencionados nos vários Tantras, eles são todos teus, uma vez que tu és a Ādyā Prakṛti. Não há senão um modo de sādhanā no caso de todos estes mantras, e disso falarei para o teu prazer e benefício da humanidade.

5:21-23 – Sem Kulācāra, oh Devī!, o śakti-mantra é infrutífero para dar sucesso e, portanto, o sādhaka deve praticar śakti sādhanā com os ritos do Kulācāra . Oh Ādyā!, os cinco elementos essenciais na adoração da Śakti tem sido prescritos como o (1) Vinho (madya, qualquer licor ou vinho), (2) Carne (maṁsa), (3) Peixe (matsyā), (4) Grãos ressecados (mudrā); e (5) a união do homem com sua mulher (maithuna). A adoração da Śakti sem estes cinco elementos é senão uma prática de magia negra (abhicāra). Aquele siddhi que é o objetivo da sādhanā nunca é obtido, portanto, e obstáculos são encontrados em cada passo. Assim como as sementes semeadas em rochas estéreis não geminam, assim a adoração sem esses cinco elementos é sem frutos.


Dhyānam

5:24-26 – A menos que ele tenha realizado os ritos matinais (prātaḥ-kṛtya), um homem não está qualificado para realizar os outros. E, portanto, oh Devī!, primeiramente eu falarei daqueles que são realizados pela manhã. Na segunda metade do último quarto da noite, o sādhaka deve acordar. Tendo se livrado do sono, ele deve sentar em postura apropriada (ainda na cama) e meditar no Guru como estando em sua cabeça (aruṇodaya):

5:27-28 – Medite em Śiva com dois olhos e dois braços situado no lótus branco da cabeça; vestido com roupas brancas, adornado com guirlandas de flores brancas e perfumado com pasta de sândalo. Com uma mão ele faz o gesto que dissipa o medo e com a outra mão e ele concede bênçãos. Ele é calmo e é a imagem da misericórdia. Em sua esquerda sua Śakti, segurando na mão um lótus, abraça-o. Ele está sorrindo e é gracioso, o doador do cumprimento dos desejos do sādhaka.

5:29 – Oh Kuleśvarī!, o sādhaka deve, depois de ter meditado assim em seu Guru e o adorado com os artigos de adoração mental (mānaspūjā), fazer japa com o excelente vāgbhava bīja (o bīja aiṁ de Sarasvatī).

5:29 – Mānaspūjā a ser feita utilizando as mãos apropriadamente enquanto visualiza os artigos sendo oferecidos

kaniṣṭhikābhyāṁ | laṁ pṛthivyātmane namaḥ | gandhaṁ samarpayāmi | polegar toca a raiz do mínimo
aṅguṣṭhābhyāṁ | haṁ ākāśātmane namaḥ | puṣpaṁ samarpayāmi | indicador toca a raiz do polegar
tarjanībhyāṁ | yaṁ vāyvātmane namaḥ | dhūpaṁ aghrāpayāmi | polegar toca a raiz do indicador
madhyamābhyāṁ | raṁ agnyātmane namaḥ | dīpaṁ darśayāmi | polegar toca a raiz do médio
anāmikābhyāṁ | vaṁ amṛtātmane namaḥ | naivedyaṁ samarpayāmi | polegar toca a raiz do anelar
karatala kara pṛṣṭhābhyāṁ | saṁ sarvātmane namaḥ | sarvopacāran samarpayāmi | todos os dedos

5:29 – Japa Mantra

Mantra: aiṁ || 108x

5:30 – Depois de fazer Japa do bīja (aiṁ) com o melhor de seu poder, o sábio discípulo deve, depois de colocar o japa na palma direita de seu excelente Guru, curvar-se a ele, dizendo o seguinte.

5:31-32 – Dhyānam a ser recitado

bhavapāśavināśāya jñānadṛṣṭipradarśine |
namaḥ sadgurave tubhyaṁ bhuktimuktipradāyine || 31
narākṛti parabrahma rūpāyā jñānahāriṇe |
kuladharmaprakāśāya tasmai śrī gurave namaḥ || 32

“Eu me curvo a Ti, Oh Sadguru, que é o destruidor dos laços do mundo, o doador da visão da sabedoria/conhecimento (jñana) e o ordenador dos objetos de prazer e de emancipação (bhoga e mokṣa). Eu me curvo a Ti, Oh Sadguru, que é Parabrahman em uma forma humana, o dissipador da ignorância e o promulgador do kuladharma (a religião dos tantras).”

5:33 – O discípulo, tendo prestado assim obediência ao seu Guru, deve então meditar em seu Iṣṭa Devatā e adorá-la como mencionado, recitando o mūla mantra enquanto isso (hrīṁ śrīṁ krīṁ parameśvari kālike svāhā).

5:34 – Tendo feito isso, com o melhor de seu poder, ele deve colocar o japa na palma esquerda da Devī e então prestar obediência ao seu Iṣṭa devatā (Kālī) com o seguinte verso:

5:35 – Dhyānam a ser recitado

namaḥ sarvasvarūpiṇyai jagaddhātryai namo namaḥ |
ādyāyai kālikāyai te kartryai hartryai namo namaḥ || 35

“Saudações a Ti que és idêntica com tudo e a sustentadora do universo. Saudações a Ti que é a Prima Kālikā e a autora da criação e destruição do universo.”


Mantra Snāna

5:36-38 – Tendo assim se curvado, ele deve colocar seu pé esquerdo primeiro no chão (a partir deste ponto ele deve sair da cama e ir para suas purificações matinais). Em seguida, após as excreções, ele deve limpar seus dentes. Então, indo para um local de banho, ele deve se banhar lá. Depois de lavar sua boca, ele entra na água. Mergulhando na água até o umbigo, ele deve lavar-se. Depois de se banhar ele deve se levantar e recitar o mantra:

oṁ ātma tattvāya svāhā ||
oṁ vidyā tattvāya svāhā ||
oṁ śiva tattvāya svāhā ||

5:39-40 Recitando os mantras acima, ele toca na água três vezes e mergulhando duas vezes ele deve lavar sua boca. O bom adorador deve escrever na água o yantra principal (yantra de Kālī) e nele o mantra. Ele deve, em seguida, oh querida!, recitar o mūla mantra 12 vezes.

Mūla mantra: hrīṁ śrīṁ krīṁ parameśvari kālike  svāhā || 12X

5:41 Então, meditando na água como fogo, o adorador deve dedicar ao Sol três mãos cheias de água. Em seguida asperge sua cabeça três vezes com aquela água e faz yoni mudrā (fechando as sete aberturas: dois olhos, dois ouvidos, duas narinas e a boca).

5:42 Portanto, por agradar a divindade, ele deve imergir na água três vezes. Depois, ele sai, seca seu corpo e coloca roupas limpas.

5:43 Então, recitando o Gāyatrī mantra e amarrando seus cabelos ele deve, com a mais sagradas cinzas, colocar o tripuṇḍraka (três linhas de cinzas) em sua testa.

5:44 – Em seguida, o adorador deve recitar os mantras védicos na ordem apropriada e fazer as orações tântricas. Ouça, descreverei as orações tântricas.

5:45 – Fazendo ācamanīya como antes:

oṁ ātma tattvāya svāhā ||
oṁ vidyā tattvāya svāhā ||
oṁ śiva tattvāya svāhā ||

5:46 – Invocando as águas sagradas:

oṁ gaṅge ca yamune caiva godāvari sarasvati narmade sindhu kāveri jale’smin sannidhiṁ kuru ||

5:47 – O inteligente adorador tendo invocado os sagrados rios com este mantra fazendo o aṅkuśa mudrā, deve fazer japa com o mūla mantra 12 vezes. Deixe-o proferir o mūla mantra e com os dedos médio e anelar juntos aspergir gotas de água sobre o chão.

Mūla mantra: hrīṁ śrīṁ krīṁ parameśvari kālike svāhā ||

5:48-50 – Ele deve, após isto, aspergir sua cabeça sete vezes com a água e tomando um pouco na palma de sua mão esquerda, cobrir com a direita. Em seguida, enquanto recita o bīja de Īśāna (haṁ), Vāyu (yaṁ), Varuṇa (vaṁ), Vahni (raṁ) e Indra (laṁ) quatro vezes, a água deve ser transferida para a palma da mão direita.

Mantra: haṁ yaṁ vaṁ raṁ laṁ || 4x

5:51 – Olhando para a água em sua mão e meditando na água como fogo, o adorador deve aspirar a água através de idā (narina esquerda) e expirar através de piṅgalā (narina direita) (em sua palma) e assim lavar suas impurezas.

5:52 – O adorador deve, em seguida, lançar a água (assim expelida em sua palma) contra um diamante ao mesmo tempo em que profere o astra mantra (phaṭ) e, em seguida, ele deve lavar suas mãos.

5:52 – Mantra: Phaṭ ||

(na prática a água é lançada contra a palma esquerda que o sādhaka concebe como sendo de dureza adamantina).

5:53-54 – Então, lavando sua boca (ācamanīya), oblação de água deve ser oferecida ao Sol com o seguinte mantra:

Mantra: oṁ hrīṁ haṁsa ghṛṇīḥ sūrya idam arghyam tubhyaṁ svāhā ||

“Oṁ hrīṁ haṁsa. A ti, Oh Sūrya, pleno de calor, brilhante, refulgente, eu ofereço oblação. Svāhā.”


Gāyatrī Mantras

5:55 – Em seguida, deixe-o meditar na grande Devī Gāyatrī, a Suprema Devī, cuja forma muda nas três formas da manhã, meio dia e entardecer de acordo com as diferenças das três Qualidades (Guṇas: Sattvas, Rajas e Tamas; Vaiṣṇavī, Brāhmī e Śaivī, respectivamente).

Dhyānaṁ

5:56 – Na manhã, medite nela em sua forma Brāhmī, como uma donzela de coloração avermelhada, com um sorriso puro, com duas mãos e segurando uma cabaça cheia de água sagrada em um de suas mãos e na outra uma mālā feita de contas de cristais, vestida com a pele de um antílope preto, sentada sobre um cisne.

kamaṇḍaluṁ tīrthaparṇamakṣamālāṁ ca bibhratīṁ |
kṛṣṇājināmbaradharaṁ haṁsārūḍhāṁ śucismitāṁ ||

5:57-58 – Ao meio-dia, medite nela em sua forma Vaiṣṇavī, de uma coloração azul escura, jovem, com seios fartos, situada no Disco Solar, com quatro mãos segurando uma concha, um disco, uma clava e um lótus, sentada sobre Garuḍa, adornada com guirlanda de flores até os joelhos.

pīnottuṅgakucadvandvāṁ vanamālāvibhūṣitāṁ |
yuvatiṁ satataṁ dhyāyenmadhye mārttaṇḍamaṇḍale ||

5:59-60 – Ao entardecer, o yati deve meditar em sua forma branca, vestida com roupas brancas, velha e passada de sua juventude, com três olhos, beneficente, propicia, sentada em um touro, segurando em suas mãos de lótus um laço, um tridente e um crânio e fazendo o gesto de conceder bênçãos.

trinetrāṁ varadāṁ pāśaṁ śūlaṁ ca nṛkaroṭikāṁ |

bibhratīṁ karapadmaiśca vṛddhāṁ galitayauvanāṁ ||

5:61-63 – Tendo assim meditado na grande Devī Gāyatrī e oferecido água três vezes com as mãos juntas, o adorador deve fazer Japa com o Gāyatrī Mantra dez ou cem vezes. Agora ouça, oh Rainha dos Devas!, enquanto eu, por amor de ti, recito o Gāyatrī. Depois da palavra ādyāyai diga vidmahe e então parameśvaryai dhīmahi tannaḥ kālī pracodayāt. Este é o teu Gāyatrī, o qual destrói todos os grandes pecados.

Mantra: oṁ ādyāyai vidmahe parameśvaryyai dhīmahi tannaḥ kālī pracodayāt ||

5:64-65 – A recitação interna desta Vidyā três vezes por dia (nos três saṅdhyās) obtém o fruto da realização do saṅdhyā. A água então é oferecida aos Devas, Ṛṣis e aos Pitṛs. Primeiro diga o praṇava e depois o nome do Deva no caso acusativo no plural (devāḥ, ṛṣīn e pitṝn) e, em seguida, as palavras tarpayāmi namaḥ. Quando, contudo, a oblação é oferecida para a Śakti, o bīja māyā (hrīṁ) deve ser dito no lugar do praṇava e no lugar de namaḥ deve ser dito o mantra svāhā, igualmente no acusativo, mas no singular.

oṁ devāḥ tarpayāmi namaḥ ||
oṁ ṛṣīn tarpayāmi namaḥ ||
oṁ pitṝn tarpayāmi namaḥ ||
hrīṁ ādyām kālīm tarpayāmi svāhā ||

5:66-67 – Depois de recitar o mūla mantra, diga sarva bhūta nivāsinyai sarva svarūpa sāyudha no dativo singular (sāyudhāyai), assim como sāvaraṇāṁ e parātparā e então ādyāyai kālikāyai te idam arghyam svāhā.

Mūla mantra: hrīṁ śrīṁ krīṁ parameśvari kālike | sarva bhūtaṁ nivāsinyai sarva svarūpa sāyudhāyai sāvaraṇāṁ parātparā ādyāyai kālikāyai te idam arghyaṁ svāhā ||


Dvārā Pūjā

5:68-70 – Tendo oferecido arghya à Grande Deusa, o adorador, após recitar o mūla mantra tantas vezes quanto ele puder, deve dedicar esse mantra à sua palma esquerda. Após se curvar à Deusa e trazer água para a pūjā, o adorador deve saudar os sagrados rios (com o mantra oṁ gaṅge ...). Em seguida, recitando o mantra, ele deve meditar em Deus. Chegando no local de sacrifício, ele deve limpar suas mãos e pés. Em seguida, ele deve colocar um pouco de Sāmānyārghya no portão.

5:71 – O sādhaka deve desenhar um triangulo, fora dele um círculo, e fora do circulo um quadrado, e depois adorar Ādhāra Śakti (com seu mantra), colocando o vaso (kalaśa) sobre a figura.



Mantra de Ādhāra Śakti: oṁ ādhāra śaktaye namaḥ || coloque akṣatas ou uma flor

5:72-73 – Deixe-o lavar o vaso com o astra mantra (phaṭ) enquanto recita o mantra do coração (hrīṁ) preenchendo o vaso com água. Em seguida, colocando flores e perfumes na água, deixe-o invocar as águas sagradas (oṁ gaṅge ca ...) nele. 

Mantra: phaṭ || coloque o kalaśa sobre o yantra

Mantra: hrīṁ || coloque água no kalaśa

Mantra: oṁ gaṅge ca jamune caiva godāvari sarasvatī narmade sindhu kāveri jale-asmin sannidhiṁ kuru || mostrando dhenu e yoni mudrās

5:73 – Adorando (as kalās) o Fogo, Sol e Lua na água do vaso, ele deve dizer o Māyā Bīja (hrīṁ) sobre ele dez vezes. Dhenu e Yoni Mudrās devem ser mostradas. Isto é conhecido como Sāmānyārghya.

Os 10 kalās de Agni: aṁ vahnimaṇḍalāya daśakalātmane namaḥ ||

Os 12 kalās de Sūrya: uṁ arkamaṇḍalāya dvādaśā kalātmane namaḥ ||

Os 16 kalās de Soma: maṁ somamaṇḍalāya ṣoḍaśakalātmane namaḥ |

5:74-75 – Com a água e flores desta oblação (do sāmānyārghya) o Devatā da entrada do local de adoração deve ser adorado. Eles são Gaṇeśa, Kṣetrapāla, Vaṭuka, Yoginī, Gaṅgā, Yamunā, Lakṣmī e Vānī (Sarasvatī).

gaṁ gaṇapataye namaḥ || alto

om kṣaṁ kṣetrapālāya namaḥ || oṁ gaṅgāya namaḥ || oṁ yamunāya namaḥ || esquerda

vaṁ vaṭukāya namaḥ || oṁ gaṅgāya namaḥ || oṁ yamunāya namaḥ || direita

oṁ yoginῑbhyo namaḥ  || nas 8 direções

śrīṁ lakṣmyai namaḥ || direita

śrī sarasvatyai namaḥ || esquerda

5:76-77 – O sādhaka toca levemente aquela parte da moldura da porta que está à sua esquerda e então entra no local de adoração com seu pé esquerdo adiante, meditando enquanto aos pés de lótus da Devī. Em seguida, após a adoração do Devatā presidente do lado, e de Brahmā no canto sudoeste, o local de adoração deve ser limpo com água daquele oferecimento (do sāmānyārghya).

5:78 – Deixe o bom sādhaka olhar fixamente (divya dṛṣṭi, trātaka) em frente dele com os olhos fixamente sem piscar e remover todos os obstáculos celestiais (divya vighna), e pela repetição do mantra astra (phaṭ) fazer a aspersão da água para remover todos os obstáculos no Antarīkṣa (bhuvaḥ loka, plano entre a terra e o céu, o svaḥ).

5:79-81 – Batendo no chão três vezes com seu calcanhar, deixe-o expulsar todos os obstáculos terrenos e então preencher o local de adoração com o incenso de sândalo, fragrância aguru, açafrão e cânfora. Ele deve, em seguida, fazer a marca de um espaço retangular como seu assento, desenhar um triangulo dentro dele e então adorar kāma rūpa. Em seguida, deixe-o adorar Ādhāra Śakti do assento.

Mantra: oṁ kāmarūpāya namaḥ ||

Mantra: klīṁ ādhāra kamalāsanāya namaḥ ||


Bhāṅga

5:82-84 – O sādhaka, bem versado em mantra, deve sentar de acordo com a postura vīrāsana, com seu rosto voltado quer para o Leste ou para o Norte, e deve purificar o vijāya (narcótico bhāṅga) com o seguinte mantra.

Mantra: oṁ hrīṁ amṛte amṛtodbhave amṛtavarṣiṇī amṛtamākarṣayākarṣaya siddhiṁ dehi kālikāṁ me vaśamānaya svāhā ||

Oṁ hrīṁ, Eu ofereço oblações à deusa que é puro néctar. Nascida no néctar e que é puro néctar. Que ela possa conceder-me siddhi; que ela possa trazer Kālikā sob meu controle; svāhā.

5:85 – Este é o mantra para a consagração do vijayā. Em seguida, recitando internamente o mūla mantra sete vezes sobre o vijayā, mostre dhenu, yoni e āvāhanī e outras mudrās (āvāhanī-invocando, sthāpanī-colocando, sannidhāpanī-fixando e dando assento, sannirodhinī-restringindo e detendo e sammukhīkaraṇī-confrontando).

5:86 – Em seguida, deve-se satisfazer o Guru no Lótus de mil pétalas por oferecer três vezes a ele vijayā com o saṅketa mudrā, e a Devī no coração, oferecendo a ela três vezes vijayā com a mesma mudrā, e recitando o mūla mantra.

5:87 – Em seguida, oferecer oblações na boca de Kuṇḍalī com vijayā (ou seja, com o sādhaka colocando vijayā na própria boca) recitando o seguinte mantra.

Mantra: aiṁ vada vada vāgvādini mama jihvāgre sthirobhava sarva sattva vaśaṅkarī svāhā ||

Aiṁ, eu ofereço oblação à deusa do aprendizado que traz todas as criaturas sob controle. Que ela possa sentar quieta na ponta da minha língua.

5:88 – Tendo aceito samvidā (uma bebida intoxicante preparada do bhaṅga), ele deve se curvar a Śrīguru na parte superior do seu ouvido esquerdo, a Gaṇeśa na parte direita do ouvido e à Eterna Deusa na testa.

Mantra: śrī gurave namaḥ ||

Mantra: gaṇeśāya namaḥ ||

Mūla mantra: hrīṁ śrīṁ krīṁ parameśvari kālike hrīṁ śrīṁ krīṁ svāhā || 

5:89-90 – O sādhaka deve colocar os artigos de pūjā (dravya) para sua adoração do lado direito e água perfumada e os artigos kula (kuladravya) do lado esquerdo. Então, aspergindo os artigos com água do arghya, acompanhado do mūla mantra terminado em astra (phaṭ), ele deve circular isto com gotas de água. Oh, deusa!, ele deve então invocar o deus fogo (Agni) com Vahni (feroz) mantra (raṁ).

Mūla mantra: hrīṁ śrīṁ krīṁ parameśvari kālike hrīṁ śrīṁ krīṁ svāhā || phaṭ ||

Mantra: raṁ ||

5:91 – Ele deve purificar suas palmas com flores perfumadas com sândalo, esfregando as flores nas suas duas palmas enquanto recita o mūla mantra terminado em astra (phaṭ) e descartando-as.

5:92 – Oh, Śivā, então, com os dedos médio e indicador ele deve bater três vezes na metade superior da palma esquerda. Então, estalando o polegar e o indicador juntos, acompanhado com o astra mantra (phaṭ), ele deve fazer a cerimônia do digbandhana e, em seguida, a cerimônia do bhūtaśuddhi.

Mantra: phaṭ ||


 Bhūtaśuddhi

5:93-94 – Tendo colocado suas duas palmas abertas para cima em seu colo, fixe sua mente em mūlādhāra cakra e desperte Kuṇḍalinī com o mantra hūṁ. Tendo-a despertado dessa forma, ele deve leva-la ao svādhiṣthāna com o mantra so’ham (haṁsa) e lá unir o tattva (de pṛthvī) com o tattva (de jala).

5:95-96 – Então, ele dissolve pṛthvī tattva, bem como o odor e o órgão do olfato no tattva de jala (água) bem como o próprio sentido do paladar no tattva de agni (fogo). Dissolve agni e forma, bem como o sentido da visão, no tattva de vāyu (ar).

5:97 – Deixe vāyu (ar) e tudo que estiver conectado com ele, e o toque, bem como o sentido do tato, ser dissolvido no tattva de ākāśa (éter). Dissolva ākāśa junto com o som em Ahaṅkāra e depois em Mahat tattva (Buddhi), e Mahat em Prakṛti, e Prakṛti em Brahman. 

Existem 25 tattvas na Filosofia Sāṁkhya. As 23 emanações de Prakṛti são dissolvidas nela mesma (24º tattva) que é um com Brahman (25º tattva). O que percebi nos círculos tântricos contemporâneos é que essa técnica de bhūta śuddhi foi substituída pelo prāṇāyāma com mantras para atender a correria do mundo atual. Mas ela é essencial para os frutos do rito serem colhidos e deve ser resgatada em sua prática.

5:98-99 – Deixe o sādhaka, após dissolver todos os 24 tattvas, pensar em um homem (pāpapurūṣa) carmesin (em algumas traduções da cor negra) na cavidade esquerda de seu abdômen, simbolizando a morada de todos os pecados (pāpātmakam). Ele é do tamanho de um polegar, com barba vermelha e olhos vermelhos, segurando uma espada e um escudo, raivoso, com sua cabeça sempre para baixo.

5:100 – Em seguida, o sādhaka deve meditar no bīja Vāyu (yaṁ) de cor esfumaçada inalando pela narina esquerda (no tempo de 16 contagens) purificando seu corpo de pecado (o pāpapurūṣa).

5:101 – Em seguida, meditando no Vahni mantra (raṁ) no umbigo, e recitando 64 vezes, ele deve praticar kuṁbhaka e queimar seu corpo de pecado.

5:102 – Meditando no mantra branco de Varuṇa (vaṁ) e recitando 32 contagens, ele deve imergir seu corpo queimado na água nectarina ao exalar (Recaka).

(*) Inala pela narina esquerda contando 16 yaṁ. Retém contando 64 raṁ. Exala pela narina direita contando 32 yaṁ. Repete a sequência iniciando pela narina direita, retendo e exalando pela esquerda. Esse é um ciclo.

5:103 – Após imergir seu corpo dos pés à cabeça, ele deve meditar no seu novo corpo celestial criado.

5:104 – Então, meditando em mūlādhāra, em pṛthvī da cor amarelada, no mantra laṁ, ele deve fortalecer seu próprio corpo com a visão celestial.

5:105 – Colocando suas mãos em seu coração e recitando o mantra āṁ hrīṁ krīṁ haṁ saḥ, ele deve com o mantra so’haṁ instalar o ar vital da Deusa em seu próprio corpo.

Mantra: āṁ hrīṁ krīṁ haṁsaḥ so’haṁ ||


 Nyāsa

5:106 – Tendo assim realizado os ritos purificatórios dos elementos e pensado “eu sou idêntico à Deusa”, com sua mente controlada, Oh Ambikā, ele deve realizar Mātṛkā Nyāsa.

5:107-108 – Brahmā é o Ṛṣi (autor do Mātṛkā), Chandas (métrica) é Gāyatrī, o Devatā (deusa presidente) é Sarasvatī e o mantra é a consoante (vyañjanāna). As vogais são as energias (śakti), visarga é o pilar (kīlaka); estes devem ser empregados, Oh Grande Deusa!, na área da escrita. Tendo assim realizado o Ṛṣi Nyāsa, deve-se proceder para o Karaṇa Nyāsa.

Mātṛkā Nyāsaḥ: oṁ asya śrī brahmā ṛṣiḥ | gāyatrī chandaḥ | mātṛkā sarasvatī devī devatā | vyañjanaḥ bījaṁ | svarāḥ śaktiḥ | visargaḥ kīlakaṁ | dharmarthakāmamojñābāpraye lipinyāse viniyogaḥ ||

Ṛṣi Nyāsaḥ: śirase brahmaṇe ṛṣaye namaḥ | mukhe gāyatrī chandase namaḥ | hṛdaye mātṛkāyai sarasvatyai devyai devatāyai namaḥ | guhye vyañjanāya bījāya namaḥ | pādayoḥ svarebhyaḥ śaktibhyo namaḥ | sarvaṅgepu visargāya kīlakāya namaḥ | dharmarthakāmamojñābāpraye lipinyāse viniyogaḥ ||

5:109-110 – Depois ele deve transcrever o kavarga entre aṁ e āṁ, o cavarga entre iṁ e īṁ, o ṭavarga entre uṁ e ūṁ, o tavarga entre eṁ e aiṁ, o pavarga entre oṁ e auṁ, e todas as letras de ya a kṣa devem ser transcritas, oh tu de bela face, entre bindu e visarga. Assim, o mantra de seis membros é recitado.

Karaṇa Nyāsa

aṁ kaṁ khaṁ gaṁ ghaṁ āṁ aṅguṣṭhābhyāṁ namaḥ ||
iṁ caṁ chaṁ jaṁ jhaṁ ñaṁ īṁ tarjanībhyāṁ namaḥ ||
uṁ ṭaṁ ṭhaṁ ḍaṁ ḍhaṁ ṇaṁ ūṁ madhyamābhyāṁ namaḥ ||
eṁ taṁ thaṁ daṁ dhaṁ naṁ aiṁ anāmikābhyāṁ namaḥ ||
oṁ paṁ phaṁ baṁ bhaṁ maṁ auṁ kaniṣṭhikābhyāṁ namaḥ ||
aṁ yaṁ raṁ laṁ vaṁ śaṁ ṣaṁ saṁ haṁ kṣaṁ aḥ karatala kara pṛṣṭhābhyāṁ astrāya phaṭ ||

5:111 – Tendo observado as regras do nyāsa, ele deve meditar na Mātṛkā deusa Sarasvatī.

Dhyānam

5:112 – Eu me refugio na Devī do discurso, de três olhos envolvidos com um branco halo, cuja face, mãos, pés, meio do corpo e peito são compostos das cinquenta letras do alfabeto, em cuja testa radiante está a lua crescente, cujos seios são elevados e arredondados, e que com uma de suas mãos de lótus faz jñāna mudrā e com a outra mão segura um rosário de Rudrākṣa, uma jarra de néctar e o conhecimento (Vidyā)

pañcāśallipibhirvibhaktamukhadoḥ panmadhyavakṣaḥsthalām
bhāsvanmaulinibaddhacandraśakalāmāpīnatuṅgastanīm |
mudrāmakṣaguṇaṁ sudhāḍyakalaśaṁ vidyāṁ ca hastāmbujair
bibhrāṇāṁ viṣadaprabhāṁ trinayanaṁ vāgdevatāmāśraye ||

5:113-115 – Tendo meditado assim na Mātṛkā Nyāsa, ele deve colocar as letras nos seis (6) Cakras como se segue. Tendo colocado duas letras, ha e kṣa, no lótus de duas pétalas situado no entrecenho (Ājña), em seguida ele deve transcrever dezesseis (16) vogais no lótus de dezesseis pétalas situado na garganta (Viśuddha). Em seguida, no Lótus Anāhata, as letras de ka a ṭha. No Maṇipūra, as letras de ba a pha. As letras de ba a la no Svādhiṣṭhāna. E no Mūlādhāra, as letras de va a sa. E tendo assim em sua mente colocado essas letras do alfabeto, o sādhaka coloca-as externamente.

Cakra Nyāsa

Ājña – haṁ namaḥ | kṣaṁ namaḥ || 2 letras

Viśuddha – aṁ namaḥ | āṁ namaḥ | iṁ namaḥ | īṁ namaḥ | uṁ namaḥ | ūṁ namaḥ | ṛṁ namaḥ | ṝṁ namaḥ | ḷṁ namaḥ | ḹṁ namaḥ | eṁ namaḥ | aiṁ namaḥ | oṁ namaḥ | auṁ namaḥ | aṁ namaḥ | aḥ namaḥ || 16 vogais

Anāhata – kaṁ namaḥ | khaṁ namaḥ | gaṁ namaḥ | ghaṁ namaḥ | ṅaṁ namaḥ | caṁ namaḥ | chaṁ namaḥ | jaṁ namaḥ | jhaṁ namaḥ | ñaṁ namaḥ | ṭaṁ namaḥ | ṭhaṁ namaḥ || 12 letras

Maṇipūra - ḍaṁ namaḥ | ḍhaṁ namaḥ | ṇaṁ namaḥ | taṁ namaḥ | thaṁ namaḥ | daṁ namaḥ | dhaṁ namaḥ | naṁ namaḥ | paṁ namaḥ | phaṁ namaḥ | 10 letras

Svādhiṣṭhāna – baṁ namaḥ | bhaṁ namaḥ | maṁ namaḥ | yaṁ namaḥ | raṁ namaḥ | laṁ namaḥ || 6 letras

Mūlādhāra – vaṁ namaḥ | śaṁ namaḥ | ṣaṁ namaḥ | saṁ namaḥ || 4 letras

5:116-118 – Ele deve colocar gradualmente todas as letras do Mātṛkā na testa, rosto, olhos, ouvidos, nariz, bochechas, lábios, dentes, cabeça, boca, frente dos braços e suas juntas, frente dos pés e suas juntas, lados, costas, umbigo, barriga, coração, dois ombros, nuca; todas as partes iniciando com o coração até o braço direito, iniciando com o coração até o braço esquerdo, iniciando com o coração até o pé direito, iniciando com o coração até o pé esquerdo. Depois disso, ele realiza prāṇāyāma.

Mātṛkā Nyāsa

1 testa – aṁ || 2 boca – āṁ || 3 olho direito – iṁ || 4 olho esquerdo – īṁ || 5 ouvido direito – uṁ || 6 ouvido esquerdo – ūṁ || 7 narina direita – ṛṁ || 8 narina esquerda – ṝṁ || 9 bochecha direita – ḷṁ || 10 bochecha esquerda – ḷm || 11 lábio superior – em || 12 lábio inferior – aiṁ || 13 dente superior – oṁ || 14 dente inferior – auṁ || 15 alto da cabeça – aṁ || 16 ponta da língua – aḥ || 17 ombro direito – kaṁ || 18 cotovelo direito – khaṁ || 19 pulso direito – gaṁ || 20 base dos dedos direitos – ghaṁ || 21 ponta dos dedos direitos - ṅaṁ || 22 ombro esquerdo – caṁ || 23 cotovelo esquerdo chaṁ || 24 pulso esquerdo – jaṁ || 25 base dos dedos esquerdos – jhaṁ || 26 ponta dos dedos esquerdos – ñaṁ || 27 quadril direito - ṭaṁ || 28 joelho direito – ṭhaṁ || 29 tornozelo direito - ḍaṁ || 30 base dos dedos do pé direito - ḍhaṁ || 31 ponta dos dedos do pé direito - ṇaṁ || 32 quadril esquerdo – taṁ || 33 joelho esquerdo – thaṁ || 34 tornozelo esquerdo – daṁ || 35 base dos dedos do pé esquerdo – dhaṁ || 36 ponta dos dedos do pé esquerdo – naṁ || 37 lado direito do tronco – paṁ || 38 lado esquerdo do corpo – phaṁ || 39 parte inferior das costas – baṁ || 40 umbigo – bhaṁ || 41 barriga toda – maṁ || 42 coração – yaṁ || 43 axila direita – raṁ || 44 nuca – atrás do pescoço – laṁ || 45 axila esquerda – vaṁ || 46 do coração até a mão direita – śaṁ || 47 do coração até a mão esquerda – ṣaṁ || 48 do coração até a perna direita – saṁ || 49 do coração até a perna – haṁ || 50 do coração até o umbigo – laṁ ||  51 do umbigo ao topo da cabeça – kṣaṁ ||

5:119-121 – Inale pela narina esquerda enquanto recita mentalmente o māyā bīja (hrīṁ) dezesseis (16) vezes, preenchendo o corpo e fazendo kuṁbhaka (retenção de ar) por fechar ambas as narinas com o mínimo (tocando a narina esquerda) e o polegar (tocando a narina direita) enquanto faz japa do bīja sessenta e quatro (64) vezes. Em seguida, obstruindo a narina direita com o polegar, enquanto recita (mentalmente) o bīja hrīṁ, ele deve exalar. Assim ele deve praticar Pūraka, Kuṁbhaka e Recaka com sua narina direita. Ele deve repetir isso várias vezes. Isto é chama prāṇāyāma. Depois de terminar o prāṇāyāma, ele deve praticar Ṛṣi Nyāsa.

Esta técnica foi mencionada anteriormente (100-102) com outros bījas e no método Nāḍi Śodhana (respiração alternada). Nesta técnica de agora, o autor aconselha a inalar pela esquerda, reter e, em seguida, exalar pela esquerda para, só depois, fazer o mesmo com a narina direita. Ou seja, inala pela narina esquerda contando 16 hrīṁ. Retém contando 64 hrīṁ. Exala pela narina esquerda contando 32 hrīṁ. Repete a sequência iniciando pela narina direita, retendo e exalando pela direita. Esse é um ciclo de prāṇāyāma.

5:122-123 – Os ṛṣis, ou sábios autores deste mantra são Brahmā e os Brahmaṛṣis (os nascidos da mente de Brahmā), a métrica é Gāyatrī e outras formas (Uṣṇik, Anuṣṭup, Bṛhatī, Paṅkti, Triṣṭup e Jagatī), e seu Devatā presidente é Ādyā Kālī. O bīja é o de Ādyā (krīṁ), a śakti é o māyā bīja (hrīṁ) e aquilo que vem no final (kīlaka) é o kamalā bīja (śrīṁ). Então, o mantra deve ser colocado na cabeça, boca, coração, anus, dois pés e todas as partes do corpo.

Viniyoga

hrīṁ śrīṁ krīṁ parameśvari kālike svāhā |

asya mantrasya brahmābrahmarṣayaśva ṛṣyaḥ | gāyatryādini cchandāṁsiḥ | ādyā kālī devatā | krīṁ bījaṁ | hrīṁ śaktiḥ | śrīṁ kīlakaṁ | dharmarthakāmamojñāvaptaye ṛṣinyāse viniyogaḥ ||

śirase brahmaṇe brahmarṣibhyaśva ṛṣibhyo namaḥ || topo da cabeça
mukhe gāyatryādibhyaśchandibhyo namaḥ || boca
hṛdaye prādyāyai kālyai devatāyai namaḥ || coração
guhye krīṁ bījāya namaḥ || partes íntimas
pādayoḥ hrīṁ śaktaye namaḥ || dois pés
sarvaṅgeṣu śrīṁ kīlakāya namaḥ || o corpo todo
dharmarthamamojñāvaptaye jape viniyogaḥ ||

5:124 – Passando as duas mãos três ou sete vezes sobre o corpo todo dos pés à cabeça e da cabeça aos pés, enquanto faz japa do mūla mantra, isso é chamado Vyāpaka Nyāsa, o qual produz os resultados declarados.

Vyāpaka Nyāsa

Mūla Mantra: hrīṁ śrīṁ krīṁ parameśvari svāhā ||

5:125-126 – Oh amada!, por adicionar sucessivamente as seis vogais longas ao primeiro bīja do mūla mantra, seis Vidyās são formadas (iniciando de hrāṁ). O sábio deve em aṅga-kalpanā proferir em sucessão estes ou o mūla mantra sozinho e então dizer “aos polegares”, “aos dois dedos indicadores”, “aos dois dedos médios”, “aos dois anelares”, “aos dois mínimos”, “à frente e às costas das duas palmas”, concluindo com namaḥ, svāhā, vaṣaṭ, hūṁ, vauṣaṭ e phaṭ em suas respectivas ordens.

Karaṇa Nyāsa

hrāṁ aṅguṣṭhābhyāṁ namaḥ ||
hrīṁ tarjanībhyāṁ svāhā ||
hrūṁ madhyamābhyāṁ vaṣaṭ ||
hraiṁ anāmikābhyāṁ hūṁ ||
hrauṁ kaniṣṭhikābhyāṁ vauṣaṭ ||
hraḥ karatala kara pṛṣṭhābhyāṁ phaṭ ||

Karaṇa Nyāsa (2º método, Bhāratī)

hrīṁ śrīṁ krīṁ parameśvari svāhā || aṅguṣṭhābhyāṁ namaḥ ||
hrīṁ śrīṁ krīṁ parameśvari svāhā || tarjanībhyāṁ svāhā ||
hrīṁ śrīṁ krīṁ parameśvari svāhā || madhyamābhyāṁ vaṣaṭ ||
hrīṁ śrīṁ krīṁ parameśvari svāhā || anāmikābhyāṁ hūṁ ||
hrīṁ śrīṁ krīṁ parameśvari svāhā || kaniṣṭhikābhyāṁ vauṣaṭ ||
hrīṁ śrīṁ krīṁ parameśvari svāhā || karatala kara pṛṣṭhābhyāṁ phaṭ ||

5:127-128 – Quando tocar o coração diga “namaḥ”, quando tocar a cabeça diga “svāhā” e quando tocar o tufo atrás da cabeça diga “vaṣaṭ”. Semelhantemente quando tocar as porções superiores dos braços, os três olhos e as duas palmas, pronuncie, respectivamente, hūṁ, vauṣaṭ e phaṭ. Desta forma o nyāsa das seis partes do corpo deve ser praticado e então o vīra deve proceder com o pīṭha nyāsa.

Ṣaḍaṅga Nyāsa

hrāṁ hṛdayāya namaḥ || coração
hrīṁ śirase svāhā || cabeça
hrūṁ śikhāyai vaṣaṭ || atrás da cabeça
hraiṁ kavacāya huṁ || braços cruzados
hrauṁ netratrayāya vauṣaṭ || três olhos
hraḥ astrāya phaṭ || palmas das mãos

Ṣaḍaṅga Nyāsa (2º método, Bhāratī)

hrīṁ śrīṁ krīṁ parameśvari svāhā || hrāṁ hṛdayāya namaḥ || coração
hrīṁ śrīṁ krīṁ parameśvari svāhā || hrīṁ śirase svāhā || cabeça
hrīṁ śrīṁ krīṁ parameśvari svāhā || hrūṁ śikhāyai vaṣaṭ || atrás da cabeça
hrīṁ śrīṁ krīṁ parameśvari svāhā || hraiṁ kavacāya huṁ || braços cruzados
hrīṁ śrīṁ krīṁ parameśvari svāhā || hrauṁ netratrayāya vauṣaṭ || três olhos
hrīṁ śrīṁ krīṁ parameśvari svāhā || hraḥ astrāya phaṭ || palmas das mãos

5:129-130 – Em seguida, deixe o Vīra colocar no lótus do coração a Ādhāra Śakti, Kūrma (Tartaruga), Śeṣa (Serpente), Pṛthvī (Bhūmī, Mãe Terra), o Oceano de Ambrosia, a Ilha de Joias, a Árvore Pārijāta, o Trono de Joias que preenche todos os desejos, o Altar de Joias e o Assento de Lótus.

Pīṭha Nyāsa

hṛdayāmbuje ādhāraśaktaye namaḥ |
kūrmāya namaḥ |
śeṣāya namaḥ |
pṛthvyai namaḥ |
sudhāmbudhaye namaḥ |
maṇidvīpāya namaḥ |
pārijātatarave namaḥ |
cintāmaṇigṛhāya namaḥ |
maṇimāṁkyavedikāyai namaḥ |
padmāsanāya namaḥ |

5:131-132 – Em seguida, ele deve colocar no ombro direito, ombro esquerdo, quadril direito, quadril esquerdo, respectivamente, e em suas ordens, Dharma (Lei Universal), Jñāna (Conhecimento), Aiśvarya (Domínio e Poder) e Vairāgya (Liberdade de desejos). E o devoto deve colocar essas negativas qualidades na boca, do lado esquerdo, no umbigo e no lado direito, respectivamente.

dakṣaskandhe dharmāya namaḥ | ombro direito
vāmaskandhe jñānāya namaḥ | ombro esquerdo
vāmakaṭau aiśvaryāya namaḥ | quadril esquerdo
dakṣakatau vairāgyāya namaḥ | quadril direito
mukhe adharmāya namaḥ | boca
vāmapārśve ajñānāya namaḥ | lado esquerdo
nābhau anaiśvaryāya namaḥ | umbigo
dakṣapārśve avaurāgyāya namaḥ | lado direito

5:133-135 – Em seguida, ele deve colocar no coração, Ānanda Kaṇḍa (raiz da bem aventurança), o Sol, a Lua, o Fogo, os três Guṇas precedidos pelas primeiras de suas letras com o bindu adicionado, os filamentos e o pericarpo do Lotus e as Nāyikās (as 8 śaktis subordinadas) do Pīṭha nas pétalas. As oito (8) Nāyikās são Maṅgalā, Vijayā, Bhadrā, Jayantī, Aparājitā, Nandinī, Nārasiṁhī, Vaiṣṇavī. Os oito (8) Bhairavas são Asitāṅga, Caṇḍa, Kapālī, Krodha, Bhīṣaṇa, Unmatta, Ruru, Saṁhārī. Estes devem ser colocados nas pontas das pétalas do lótus e, em seguida, Pīṭhanyāsa é feito e depois Prāṇāyāma é feito.

hṛdaye ānandakandāya namaḥ | ānanda kaṇḍa
hṛdaye sūryāya namaḥ | sūrya
hṛdaye somāya namaḥ | soma
hṛdaye agnaye namaḥ | agni
hṛdaye saṁ sattvāya namaḥ | sattvas
hṛdaye raṁ rajase namaḥ | rajas
hṛdaye taṁ tamase namaḥ | tamas
hṛdaye kesarebhyo namaḥ | filamentos
hṛdaye karṇakāyai namaḥ | pericarpo

Nāyikās Śakti nas pétalas

hṛtpadma patrebhyo maṅgalāyai namaḥ |
hṛtpadma patrebhyo vijayāyai namaḥ |
hṛtpadma patrebhyo bhadrāyai namaḥ |
hṛtpadma patrebhyo jayantyai namaḥ |
hṛtpadma patrebhyo aparājitāyai namaḥ |
hṛtpadma patrebhyo nandinyai namaḥ |
hṛtpadma patrebhyo nārasiṁhyai namaḥ |
hṛtpadma patrebhyo vaiṣṇavyai namaḥ |

(*) hṛtpadma patrebhyo = às pétalas do lótus do coração)

Bhairavas nas pontas das pétalas

hṛtpadma patrāgrebhyo asitāṅgāya bhairavāya namaḥ |
hṛtpadma patrāgrebhyo rurave bhairavāya namaḥ |
hṛtpadma patrāgrebhyo caṇḍāya bhairavāya namaḥ |
hṛtpadma patrāgrebhyo krodhonmattāya bhairavāya namaḥ |
hṛtpadma patrāgrebhyo bhayaṅkarāya bhairavāya namaḥ |
hṛtpadma patrāgrebhyo kapāline bhairavāya namaḥ |
hṛtpadma patrāgrebhyo bhīṣaṇāya bhairavāya namaḥ |
hṛtpadma patrāgrebhyo saṁhariṇe bhairavāya namaḥ |

(*) hṛtpadma patrāgrebhyo = às pontas das pétalas do lótus do coração

5:136 – Em seguida o sādhaka deve, depois de fazer kacchapa mudrā (kūrma mudrā), pega flores perfumadas (com sândalo) e, colocando suas mãos na mesma mudrā em seu coração, medita na eterna Devī.


Ādyā Kālī Dhyānam

5:137-138 – A natureza da meditação em ti, Oh Devī!, é de dois tipos, sem uma forma (ārūpa) e com uma forma (sarūpa). Sem forma tu és inefável e incompreensível, não manifestada e que tudo permeia. De ti não se pode dizer que és isto ou aquilo. Tu és onipresente, transcendente, alcançável somente pelos yogīs através de austeridades tais quais as muitas ações de auto restrição e semelhantes.

5:139-140 – Descreverei agora a meditação em ti na forma corpórea (sarūpa), a fim de que a mente possa se concentrar, de modo que o objetivo seja alcançado rapidamente, e que o poder de meditar de acordo com a forma sutil possa ser despertado.  A forma da grande aparência brilhante Kālikā, Mãe de Kāla, que é sem forma, é imaginada de acordo com suas qualidades (guṇas) e ações (criação, preservação e destruição).

Dhyānam

5:141 – Eu adoro Ādyā Kālikā cujo corpo é da cor das nuvens carregadas (escuras). Em cuja testa a Lua brilha, que possui três olhos (simbolizando o passado, presente e futuro), que está vestida com roupas vermelhas, cujas mãos estão elevadas, uma das mãos dissipando o medo (abhaya mudrā) e a outra concedendo bênçãos (vara mudrā), que está sentada em um lotus vermelho em plena floração, sua bela face radiante está olhando Mahā Kāla (Śiva, como destruidor do tempo corporificado) e que, exultante com o delicioso vinho da flor madhūka (do qual um intoxicante licor é feito), está dançando diante dela.

meghāṅgīṁ śaśiśekharaṁ trinayanaṁ raktāmbaraṁ bibhratīṁ pāṇibhyāmabhayaṁ varaṁ ca vilasadraktāravindasthitām |

nṛtyantaṁ purato nipīya madhuraṁ mādhvīkamadyaṁ mahākālam vīkṣya vikāsitānanavarāmādyāṁ bhajekālikām ||


Ādyā Kālī Manas Pūjā

5:142-145 – Depois de ter meditado em Devī desta maneira e colocado uma flor em sua cabeça (durante a meditação), o sādhaka deve, com toda a devoção, adorar Devī com artigos de adoração mental (manas pūjā). Deixe-o oferecer no lótus do coração (anāhata) o assento, a ambrosia escorrendo do lotus de mil pétalas (sahasrāra) as águas para lavar seus pés, e sua mente como oferta (arghya). Em seguida, ele deve oferecer a mesma ambrosia como água para lavar sua boca e banhar seu corpo, e a essência do éter (ākāśa) como roupas para a Devī, a essência do odor (pṛthvī) como perfumes, seu próprio coração (citta) e os ares vitais ar (prānāḥ), fogo (tejas tattva em Maṇipūra) e o oceano de néctar, respectivamente, como as flores, incenso, luz e alimento. 

5:146 – Deixe-o oferecer som no anāhata cakra por fazer soar o sino, a essência do ar para o abanador (cāmara, ou abanador feito com pelo de búfalo) e as funções dos sentidos e a inquietação da mente para a dança diante da Devī.

 

Ādyā Kālī Puṣpañjali

5:147-149 – Deixe os vários tipos de flores (da mente) serem oferecidas para a realização da pureza da mente (bhāva siddhi): amāya (sinceridade), anahaṅkāra (ausência de egoísmo), arāga (desapego), amada (ausência de orgulho), amoha (liberdade de ilusão), adambha (ausência de dualidade), adveṣa (ausência de toda inimizade), akṣobha (liberdade de perturbação mental ou arrependimento), amātsarya (ausência de inveja), alobha (ausência de cobiça) e, portanto, as cinco flores, ou seja, a mais excelente das flores, ahiṁsā (não violência dos outros), indriya-nigraha (controle dos sentidos), dayā (misericórdia, compaixão e bondade), kṣama (perdão) e jñāna (conhecimento espiritual).

5:150-151 – Com essas quinze flores, os quais são quinze qualidades de disposição, ele deve adorar Devī. Em seguida, deixe-o oferecer à Devī o Oceano de Ambrosia (vinho), uma montanha de carne e peixe frito, um amontoado de grãos ressecados (mudrā), de grãos cozidos no leite com açúcar e ghee, o kula néctar (kulāmṛta, néctar produzido por meio da Śakti). Então, tendo sacrificado toda a luxúria e raiva, a causa de todos os impedimentos, deixe-o fazer japa.


Viloma e Anuloma Japa Mantra

5:152-154 – A Mālā (rosário) prescrita consiste das letras do alfabeto, amarrada em Kuṇḍalinī como o fio. Depois de recitar cada uma das letras do alfabeto de A a La com o bindu superposto sobre cada uma, o mūla mantra deve ser recitado. Isto é conhecido como Anuloma. Novamente, iniciando com La e terminando com A, deixe o sādhaka fazer japa do mantra. Isto é conhecido como Viloma. Kṣa-kāra é chamado meru (a peça central na mālā).

aṁ āṁ iṁ īṁ uṁ ūṁ ṛṁ ṝṁ ḷṁ ḹṁ eṁ aiṁ oṁ auṁ aṁ aḥ || kaṁ khaṁ gaṁ ghaṁ ṅaṁ ||  caṁ chaṁ jaṁ jhaṁ ñaṁ || ṭaṁ ṭhaṁ ḍaṁ ḍhaṁ ṇaṁ || taṁ thaṁ daṁ dhaṁ naṁ || paṁ phaṁ baṁ bhaṁ maṁ || yaṁ raṁ laṁ vaṁ || śaṁ ṣaṁ saṁ haṁ laṁ (kṣaṁ) || hrīṁ śrīṁ krīṁ parameśvari kalike svāhā ||

Ou seja, após recitar “aṁ”, o mūla mantra deve ser recitado. Em seguida, recitar “āṁ” seguido mais uma vez do mūla mantra até terminar todos os akṣaras. Depois, repete na ordem inversa.

5:152-155 – Japa deve ser feito do mūla mantra oito vezes adicionando-o a cada uma das letras dos oito grupo de letras, e tendo assim feito cento e oito (108) japas o mesmo deve ser oferecido (na mão esquerda) à Devī com o seguinte.

5:156 – Oh Ādyā Kālī!, que mora como o Espírito (antarātmā) em tudo, que é a Luz (antarjyotiḥ) mais íntima, Oh Mãe!, aceita este japa interno (antarjapa) do meu coração. Eu me curvo a ti.

sarvāntarātmani laye svāntajyotiḥ svarūpiṇī |

gṛhāṇāntarjapaṁ mātarādye kālī namo’stute ||

5:157 – Tendo oferecido japa com o mantra anterior, ele deve mentalmente se prostar tocando em sua mente o chão com suas oito partes (pés, mãos, joelhos, cabeça, olhos, mente e palavra) de seu corpo. Tendo concluído manas japa (adoração mental), deixe-o começar a adoração (pūjā).


Viśeṣārghya Sthāpanā

5:158 – Agora falo da consagração do Viśeṣārghya (diferente do sāmānyārghya), que pela mera colocação o Devatā se torna extremamente agradado. Ouça.

5:159 – À mera visão do copo (kalaśa) deste oferecimento, as yoginīs (atendentes de numerosos tipos da Devī), Bhairavas, Brahmā e outros Devatās, dançam de alegria e concedem siddhi.

5:160 – O discípulo deve, sobre o chão em frente dele, e à sua esquerda, desenhar com água retirada do sāmānyārghya, um triangulo com o māyā bīja (hrīṁ) em seu centro. Fora do triângulo um círculo deve ser desenhado. E fora do círculo, um quadrado. Deixe-o adorar a Śakti da Ādhāra com o mantra.


Mantra: hrīṁ ādhāra śaktaye namaḥ |

5:161 – Ele deve então lavar o suporte (tripé onde será recebido o vaso) e colocá-lo sobre o maṇḍala e adorar a região do fogo (agni kalā) com o mantra.

Mantra: maṁ vahnimaṇḍalāya daśakalātmane namaḥ || 10 kalās

5:162-163 – E tendo lavado o vaso de arghya com o mantra phaṭ, o adorador deve colocá-lo sobre o ādhāra (o tripé) com o mantra namaḥ. Ele deve então adorar o copo (kalaśa) com o mantra.

Mantra: aṁ arkamaṇḍalāya dvādaśakalātmane namaḥ || 12 kalās

5:164-166 – E preenchendo o vaso enquanto repete o mūla mantra, três partes com vinho e uma parte com água, e tendo colocado perfume e flores nele, ele deve adorar, Oh Mãe!, com o mantra.

Mantra: uṁ somamaṇḍalāya ṣoḍaśakalātmane namaḥ || 16 kalās

5:167 – Em seguida, ele deve colocar em frente do oferecimento especial (Viśeṣārghya) folhas de bael (bilva patra), grama dūrvā (panicum dactylon), flores e arroz seco (akṣata, ou arroz ātapa) no sol mergulhado em pasta de sândalo.

5:168 – Tendo invocado os rios sagrados no arghya (oṁ gaṅge ca yamune ...) pelo mūla mantra enquanto mostra o aṅkuśa mudrā, o sādhaka deve mediar na Devī e adorá-la com incenso e flores, fazendo japa do mūla mantra sete (7) vezes.

5:169-170 – Em seguida, ele deve mostrar sobre o arghya o dhenu mudrā e yoni mudrā, incenso e luz. O adorador deve, em seguida, colocar um pouca da água do arghya no vaso (prokṣanī pātra, um vaso para manter água para aspersão) para aquele propósito e aspergir a si mesmo e os oferecimentos a partir disto. O vaso contendo o oferecimento (Viśeṣārghya) não deve, contudo, ser movido até a adoração ser concluída.

 

Yantra Rāja de Ādyā Kālī

5:171 – Oh tu de puro sorrisos!, falei da consagração dos oferecimentos especiais (Viśeṣārghya). Passarei aogra ao Yantra Rāja (rei dos yantras), o qual concede os objetivos de toda a existência humana (samasta puruṣārtha, dharma, artha, kāma e mokṣa).

5:172-173 – Desenhe um triangulo com o māyā bīja (hrīṁ) nele e em torno dois círculos um dentro do outro. No espaço entre os dois círculos, desenhe em pares os dezesseis filamentos (16 linhas do hexágono), e fora destes as oito pétalas de lótus, e fora disto o Bhūpura. O qual deve ser feito de linhas retas com quatro entradas e ser belo em aparência. 

5:174-176 – Com o objetivo de causar prazer ao Devatā, o discípulo deve recitar o  mūla mantra enquanto o desenha quer com uma agulha de ouro ou com o espinho de uma árvore bael ou um pedaço de ouro, prata ou cobre, o qual deve ser besuntado com svayambhu, kuṇḍa, flores gola, sândalo, fragrância de aloé, kuṅkuma ou pasta de sândalo. O yantra pode ser cravado em um cristal, um coral ou lápis lazuli.

5:177-178 – Depois de ter sido consagrado por auspiciosos ritos, ele deve ser mantido dentro de casa, e isto feito, todos os espíritos maléficos, todo medo de planetas adversos, e doenças, são destruídos. E pela benéfica influencia deste yantra, a casa do adorador se torna a fonte de felicidade. Com seus filhos e netos e com felicidade e domínio (aiśvarya), ele se torna o doador de doações e de caridades, um protetor de seus dependentes e sua fama se espalha.

5:179 – Depois de desenhado o yantra e colocado em um altar de joias (ratna siṁhāsana, assento de leão feito de joias ou trono) em frente ao adorador, e tenho adorado os Devatās do Pīṭha de acordo com as regras do Pīṭha Nyāsa (veja 129-130), a Devī principal (Ādyā Śakti ou Kālī) deve ser adorada no pericarpo do Lótus (Lótus do Yantra).


Consagração do 1º Tattva

5:180 – Agora falarei do local da jarra (kalaśa feita de barro ou metal onde é mantido o vinho no cakra pūjā) e da formação do círculo de adoração (cakra pūjā) por mera instituição do qual o Devatā (iṣṭa devatā) é agradado, o mantra se torna frutífero e os desejos (mantra siddhi e icchā siddhi) do adorador são realizados.

5:181 – A jarra é chamada kalaśa porque Viśvakarmā (o Arquiteto Celestial) o fez de diferentes partes (kalā) de cada um dos Devatās.

5:182 – Ele (o kalaśa) deve ter 36 dedos de largura (em circunferência) em sua parte mais ampla e dezesseis de altura. O pescoço deve ter quatro dedos de largura, a boca deve ter seis dedos e o fundo deve ter cinco dedos de largura. Esta é a regra para o desenho do kalaśa.

5:183 – Deve ser feito quer de ouro, de prata, cobre, metal de sino, barro, pedra ou vidro e sem rachadura ou defeito. Em sua criação, toda miséria deve ser evitada, uma vez que é para o prazer dos Devas.

5:184-185 – Um kalaśa feito de ouro, um de prata, um de cobre e um de metal de sino dá prosperidade, emancipação, contentamento e nutrição, respectivamente, para o adorador. Um de cristal, produz bom vaśīkaraṇa (um dos 6 ṣaṭkarma que traz os outros sob controle, produzindo amor) e um feito de pedra produz stambhana (um dos 6 ṣaṭkarma que paralisa as forças dos outros). Um kalaśa feito de barro é bom para todos os propósitos. Do que quer que seja feito, deve ser limpo e de agradável aparência.

5:186-187 – Do lado esquerdo o adorador deve desenhar um hexágono com um śūnya (um círculo, o brahma-randhra) em seu centro. Em torno disto um círculo e fora do círculo um quadrado. Estas figuras devem ser desenhadas quer com vermelhão ou com flor kula (rajas) ou com pasta de sândalo vermelha. O Devatā do suporte (do maṇḍala) deve ser adorado com o mantra.

5:188 – Hrīṁ, saudações à Śakti do suporte.

Mantra: hrīṁ ādhāra śaktaye namaḥ |

5:189 – O suporte da jarra deve ser lavado com o mantra “namaḥ” e colocado sobre o maṇḍala, e o próprio jarro (kalaśa) com o mantra “phaṭ” e então colocado sobre o suporte.

5:190 – Deixe o sādhaka então preencher o kalaśa com vinho proferindo, enquanto preenche, o mūla mantra precedido pelas letras do alfabeto começando com a letra “Kṣa” (o monte meru da guirlanda) e terminando com “A” com o bindu sobreposto (ou seja, fazendo o viloma mātṛkā).

5:191 – Tīrtha pūjā (kāraṇavāri, sudhā etc., pūjā) – O sábio, percebendo em si mesmo a presença da Devī, deve adorar os maṇḍalas de Agni, Sūrya e Soma no suporte, na jarra e no vinho da maneira anteriormente descrita.

5:192 – Depois de decorar a jarra com vermelhão, pasta de sândalo vermelha, uma guirlanda de flores vermelhas, o adorador deve realizar o Pañcīkaraṇa.

5:193 – Bata na jarra de vinho com um fiapo de grama kuṣa dizendo phaṭ. Em seguida, enquanto profere o bīja huṁ, esconda isto (ocultar) por meio do avaguṇṭhana mudrā. Em seguida, recite o bīja hrīṁ e olhe com os olhos sem piscar para a jarra. Em seguida, aspirja a jarra com o mantra namaḥ. Por último, enquanto recita o mūla mantra, cheire a jarra três vezes (isso purifica as nāḍīs do sādhaka).

5:194 – Prestando obediência à jarra, purifique o vinho (surā, o primeiro dos cinco tattvas) nele jogando flores vermelhas e dizendo o seguinte mantra.

5:195-197 – Oṁ, Oh Devī Sudhā! O Supremo Brahman, Um sem um segundo é tanto grosseiro (sthūla) e sutil (sūkṣma). Com isso eu destruo o pecado de matar um brāhmaṇa que anexou a ti (o vinho) por razão da morte de Kacha. Oh Devī (Sudhā) que tens tua morada na região do Sol, e tua origem no local de deleite do Senhor do Oceano (Varuṇa), tu que és uma com Amā Bīja (16º Kalā da Lua), possas estar liberta da maldição de Śukra. Oh Devī!, como praṇava (oṁ) que é a semente dos Vedas é um com a Bem Aventurança de Brahman (brahmānandamaya), possas, por tua verdade, ser destruído o pecado de assassinar um brāhmaṇa.

evameva paraṁ brahma sthūlasūkṣmamayaṁ druvam |

kacodbhavāṁ brahmahatyāṁ tena te nāśayāmyaham ||

sūryyamaṇḍalamadhyasthe varuṇālayasambhave |

amābījamaye devi śukraśāpādvimucyatām ||

vedānaṁ praṇavo bījaṁ brahmāndamayaṁ yadi |

tena satyena te devi brahmahatyāṁ vyapohatu ||

5:198 – Portanto, adicionando na ordem as seis vogais longas ao Varuṇa mantra, diga “saudação à Devī Ambrosia, que é livre da maldição de Brahmā. E por repetição do mantra inteiro sete (7) vezes, a maldição de Brahmā é removida.

Mantra: vāṁ vīṁ vūṁ vaiṁ vauṁ vaḥ brahmaśāpa vimocitāyai sudhādevyai namaḥ |

5:199 – Substituindo, nesta ordem, as seis vogais longas no lugar da letra ao Aṅkuśa e adicionando o śrīṁ e o māyā bījas, diga o mantra: “remova a maldição de Kṛṣṇa no vinho. Ponha néctar (amṛta) repetidas vezes. Svāhā.

Mantra: krāṁ krīṁ krūṁ kraiṁ krauṁ kraḥ śrīṁ hrīṁ sudhākṛṣṇāśāpaṁ mocayāmṛtaṁ srāvaya srāvaya svāhā ||

Mantra: auṁ hrīṁ śrīṁ krāṁ krīṁ krūṁ kraiṁ krauṁ kraḥ | kṛṣṇaśāpaṁ vimocaya amṛtaṁ srāvaya srāvaya || (outra variação encontrada)

Mantra: oṁ śāṁ śīṁ śūṁ śoṁ śauṁ śaṁ śaḥ śukraśāpāt vimocitāyai sudhādevyai namaḥ || (outro mantra).

5:200-201 – Assim, livre da maldição e com a mente concentrada, ele deve adorar lá Bhairava (Śiva) e Bhairavī (Śivā), ambos pleno de alegria. O mantra para a adoração de Ānanda Bhairava é: ha-sa-kṣa-ma-la-va-ra-yūṁ a Ānanda Bhairava, Vaṣaṭ.

Mantra: hasakṣa mala varayūṁ ānanda bhairavāya vaṣaṭ ||

5:202-203 – Na adoração de Ānanda Bhairavī, o mantra pe o mesmo, exceto que sua face é invertida, e no local do ouvido o olho esquerdo deve ser colocado e, então, deve ser dito: sa-ha-kṣa-ma-la-va-ra-yīṁ à Sudhā Devī, Vauṣaṭ.

Mantra: sahakṣa mala varayūṁ sudhā devyai vauṣaṭ ||

5:204 – Em seguida, meditando na união de Deva e Devī no vinho, e pensando que o mesmo está preenchido com a ambrosia de tal união, japa deve ser feito sobre o vinho do mūla mantra doze (12) vezes.

5:205-206 – Então, considerando o vinho como sendo o Devatā, mãos cheias de flores devem ser oferecidas com japa do mūla mantra. Luzes e incensos devem ser oscilados diante dele acompanhando o som de um sino. O vinho deve sempre ser purificado assim em todas as cerimônias, quer seja pūjā do Devatā, Vrata, Homa, casamento ou outros festivais.


Consagração do 2º Tattva

5:207-208 – O discípulo, depois de colocar a carne em um maṇḍala triangular em frente dele, deve aspergir com o mantra phaṭ e então recitar três (3) vezes os bījas de Vāyu (yaṁ) e de Vahni (raṁ). Deixe-o cobrir a carne com a mudrā do véu (avakuṇṭhana mudrā) proferindo o kavaca mantra (huṁ) e proferindo o astra mantra (phaṭ). Em seguida, proferindo o bīja de Varuṇa (vaṁ) e mostrando dhenu mudrā, faça a carne como néctar enquanto recita o seguinte mantra.

5:209 – Possa Devī, cuja morada está no peito de Viṣṇu e no peito de Śaṅkara, purificar esta minha carne e me dar local de repouso na Suprema morada de Viṣṇu.

viṣnorvakṣasi yā devī yā devī śaṅkarasya ca |

māṁsaṁ kuru pavitraṁ me tadviṣṇoḥ paraṁ padaṃ ||


Consagração do 3º Tattva

5:210-211 – De um modo similar, coloque o peixe e santifique-o com os mantras anteriormente prescritos, dizendo o seguinte. Nós adoramos Tryambakam (Śiva), perfumado doce aumentando nossa nutrição. Que ele possa nos libertar dos laços da morte assim como o urvāruka (um tipo de melão) é desapegado de sua rocha. Que ele não nos lance fora da vida imortal.

tryaṁbakaṁ yajāmahe sugandhiṁ puṣṭivardhanam |

urvārukamiva bandhanān mṛtyormūkṣīya māmṛtāt ||


Consagração do 4º Tattva

5:212-213 – Então, Oh amada, o discípulo deve tomar e purificar os grãos com o seguinte mantra. Oṁ, assim como é visto (o Sol) o olho redondo do céu espalhando seus raios por todos os lados, assim os adoradores sempre veem a morada de Viṣṇu. Brāhmaṇas com a mente firmemente concentrada sempre glorificam a suprema morada de Viṣṇu.

oṁ tad viṣṇoḥparamam padaṁ sadā pahyanti sūryaḥ |

divīva cakṣurātatam ||

oṁ tadviprāso vipaṇyavo jāgṛvāṁsaḥ samindhate |

viṣṇor yat paramaṁ padaṃ ||

5:214 – Ou todos os tattvas podem ser consagrados pelo próprio mūla mantra. Para ele que tem fé na raiz (mūla) que utilidade sãos os ramos e folhas?

5:215-217 – Eu digo que qualquer coisa que for santificada pelo mūla mantra sozinho é aceitável para o prazer do Devatā. Se o momento for curto, ou se o discípulo estiver apressado pelo tempo, tudo deve ser santificado com o mūla mantra e oferecido à Devī. Verdade, verdade e novamente verdade, a prescrição de Śaṅkara é de que se os tattvas são oferecidos, não há pecado ou deficiências



Fim do Capítulo 5 intitulado “A Formação de Mantras, Colocação da Jarra e Purificação dos Elementos".








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